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Como a forma de pensar automática interfere nas suas decisões?

De que forma o pensamento influencia na nossa limitação ou no nosso sucesso? Quais os sinais que apontam os padrões mentais atuais e como reeducar a cognição pode alterar o sentido das nossas escolhas? A maioria das pessoas não tem consciência de que os pensamentos automáticos negativos precedem sentimentos desagradáveis e inibições comportamentais, e que as emoções estão ligadas com o conteúdo dos pensamentos automáticos. Você já parou para refletir que o pensamento distorcido pode ser o entrave das suas realizações?


Como Coach há mais de duas décadas é comum me deparar com situações em que o cliente se limita a um tipo de pensamento muito arraigado, uma espécie de crença central (ou nuclear) e se torna estagnado. Não se permite atuar fora daquele modo operacionalizado e não abre espaço e nem permite ser flexível a novas ideias. Lidar com pensamentos automáticos negativos disfuncionais e ajudá-lo a entender os padrões mentais está baseado no campo cognitivo. Dessa forma é preciso entender como isso funciona e como despertá-lo para atuar em novos padrões. Estimular os insights que vão iniciá-lo no processo é só o início desta missão.


De acordo com Aaron Beck, psiquiatra norte-americano conhecido como pai da Terapia Cognitiva, os pensamentos automáticos e repetitivos de forma sistêmica são responsáveis por desencadear ansiedade e até depressão nos indivíduos. Apenas esses dois argumentos seriam suficientes para observarmos melhor como estamos passando por essas questões internamente. Sua teoria, no entanto, vai além. Atua transformando o padrão de pensamentos negativos, em pensamentos mais saudáveis, que resultam em comportamentos positivos.


Como seus pensamentos afetam suas atitudes? Como você lida com eles?


A estrutura do pensamento é corrompida de acordo com acontecimentos que ocorrem ao longo da vida. Situações traumáticas que envolvem emoção, por exemplo, tendem a cristalizar o pensamento. Por isso, o alicerce da teoria de Beck ensina também a entender como o seu passado afeta e influi nos seus pensamentos e atitudes presentes. A partir daí ajudar a reconhecer, educar e entender o processo cognitivo, impedindo então que esses pensamentos se formem.


Bruce Peltier escritor e autor de The Psychology of Executive Coaching: Theory and Application, ressalta que o que você escolhe pensar determina o que você sente e o que faz a seguir. O autor se baseou em filósofos da antiguidade e classificou os estilos de pensamentos distorcidos em tópicos. Ele menciona termos como, filtragem que é quando você pega os detalhes negativos e os amplia enquanto filtra todos os aspectos positivos. Nesse modo de pensar condicionado, às vezes, as pessoas têm um tema característico para seu filtro. Como perigo (segurança), perda ou injustiça. Eles veem e avaliam tudo através dessas lentes.


Como você percebe os seus filtros? Avalie antes de prosseguir a sua leitura.


Outro tema que aparece nessa lista é a supergeneralização. Ela ocorre quando você chega a uma conclusão geral com base em um único incidente ou evidência. Algo ruim acontece uma vez, você espera que aconteça repetidamente. Alguém te deixa na mão uma vez, você presume que essa pessoa é incompetente e que nunca mais poderá confiar nela novamente. Ainda nessa classificação aparecem polarização, leitura de mente, catastrofização, personalização, inferência arbitrária, entre outros exemplos de pensamentos distorcidos que são exemplificados ao longo do registro. Todos eles atribuídos a fatores do passado que ajudaram a determinar o modo que pensamos.


Se o seu pensamento interfere no seu sentimento e na sua ação. De que forma é possível alterar isso?

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A interferência do pensamento é tão grande em nós que controla os nossos sentimentos. Para compreender o conceito do pensamento cognitivo podemos nos apoiar no filosofo Immanuel Kant com a metáfora do tigre¹.


1. Eu vejo um tigre.

2. Acho que estou em perigo.

3. Sinto medo.

4. Eu corro.

Se você acha que está em perigo, é provável que sinta medo. Se você sentir medo, é provável que corra. Mas e se o tigre estiver em uma gaiola? E se você for um domador de tigre e tiver convivido com tigres toda a sua vida? Simplesmente ver um tigre não causa medo e fuga. Você tem que pensar que está em perigo antes que essas outras coisas aconteçam. Como no exemplo do tigre, nosso primeiro pensamento em uma situação desafiadora muitas vezes não é a coisa ideal para pensar. Felizmente, não estamos presos a esse primeiro pensamento ou instinto. O pensamento está, em grande parte, sob nosso controle.


A partir dessa assimilação, o trabalho é focado no aumento da consciência sobre os seus pensamentos automáticos, identificando e questionando. Sendo a tarefa do coach ajudar os clientes a se conscientizarem e, então, substituírem os pensamentos negativos e irracionais pelos eficazes. A eficácia ocorrerá especialmente quando o novo padrão é repetido cuidadosamente até substituir os antigos padrões de pensamento e os novos parecerem naturais.


Você é identifica quais pensamentos automáticos que têm sistematicamente interferido na sua forma de pensar? Avalie quanto mudou o seu pensamento até aqui?


Se você deseja saber mais sobre o assunto leia no meu blog outros artigos sobre o tema. Se deseja ter apoio de coach profissional para se desenvolver e amadurecer neste tema, entre em contato:


¹ Immanuel Kant, Bruce Peltier (The Psychology of Executive Coaching: Theory and Application)


Artigos relacionados ao tema no blog:


A mentalidade cartesiana da solução de problemas e a realidade holística dos processos.


O coach como caçador de insights


Declarações do ego



Jorge Dornelles de Oliveira

Maio de 2021



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