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O Coach e o profissional que pode falar: “o rei está nu!”.

:: Executive coach ::


É possível que você já tenha lido ou ouvido falar que a cadeira mais desejada da corporação também seja a posição mais solitária da empresa. Essa sensação de vastidão é semelhante ao que acontece a um alpinista (montanhista) que inicia a jornada cercado por companheiros de aventura, mas ao longo da escalada fica cada vez mais sozinho e quando finalmente atinge o topo da montanha costumeiramente vive a experiência da solidão ou do vazio, sentimentos peculiares de quem alcança esse destino.


A metáfora ilustra o que ocorre no dia a dia dos CEOs. Embora eles compartilhem suas ponderações com os mais próximos isso normalmente não é o suficiente para englobar questionamentos, troca de experiências, novas ideias e percepções afora. Além disso, fatores como a alta hierarquização das corporações e o status quo costumam afastá-los da realidade da cultura organizacional onde as coisas acontecem de verdade e, gradativamente, eles perdem o contato com as fontes de energia primais da organização.


À frente dessa posição que é um elo entre a organização, o conselho e os acionistas o executivo se habitua a enfrentar desafios colossais e a administrar a expectativa que envolve a entrega dos resultados de curto prazo que normalmente são acompanhados por uma enorme pressão dos detentores do capital. Enquanto garante que a visão de longo prazo não se perca. Ademais é atribuído ao CEO a necessidade de ser invariavelmente essa pessoa que percebe ao mesmo tempo visões e contradições existentes. Quem ocupa essa cadeira precisa irradiar inspiração e exibir os valores e as perspectivas da organização. Deveres de um super-homem ou de uma supermulher.


Uma forma de entender alguns aspectos mais profundos da relação coach x cliente pode ser notado através da leitura do conto infantil “O Rei Está Nu!”. Isso fica evidente especialmente quando este ocupa a primeira cadeira da organização, seja ele ou ela. Acompanhe.


Na primeira metade do século XIX, o escritor dinamarquês Hans Christian Andersen escreveu um conto que por valor simbólico ficou conhecido no mundo todo. O Rei está nu!


Era uma vez um bandido espertalhão e um rei muito vaidoso. O falsário se apresentou dizendo-se alfaiate que viera de terras distantes e ao perceber uma fraqueza do monarca disse que poderia fazer uma roupa de extraordinária beleza, cara e bonita, e que somente as pessoas mais inteligentes e astutas poderiam vê-la. O rei já se imaginou todo formoso diante da corte e na hora propôs que o “alfaiate” executasse essa preciosidade que adornaria seu corpo.

O bandido espertalhão logo recebeu materiais exóticos e raros, exigidos para a confecção das roupas, incluindo fios e botões de ouro, seda, e um tear. Mas, havia um porém.

As roupas somente seriam vistas por pessoas de indiscutível inteligência, não por pessoas comuns. E para se manterem dentro dessa qualificação todos os nobres que iam ver a fabricação elogiavam o trabalho de um prodígio do corte e costura, mas na realidade nada existia de fato. Ninguém queria ser tachado de estúpido, pois pegaria mal dentro do palácio. Um dia, cansado de esperar, o rei convidou seus ministros para ver as obras de arte feitas para vestir. Quando o “alfaiate” mostrou a mesa de trabalho vazia, o rei exclamou: Que lindas roupas! Que trabalho magnífico!”, embora não visse nada além de uma simples mesa, pois dizer que nada via seria admitir na frente de seus súditos que não tinha a capacidade necessária para ser rei. Os nobres ao redor soltaram falsos suspiros de admiração pelo trabalho do bandido. Nenhum deles, por certo, querendo passar por medíocre ou incapaz. O bandido garantiu que as roupas logo estariam completas e o rei resolveu marcar uma grande parada na cidade para que ele exibisse suas novas vestes reais.

Ao desfilar, porém, o povo estranhou algo, mas não se encorajou a esboçar nenhuma reação. Uma menina, porém, gritou:

“Coitado do rei, está nu! O rei está nu!”

Os homens e mulheres conhecendo a menina e sabendo que ela não era nem tola nem falsa, começaram a murmurar e, em pouco tempo, a bradar:

“O rei está nu!”, “O rei está nu!”

O desfile deveria continuar de qualquer forma, com as pajens segurando a cauda invisível da capa do rei. Após terminado o cortejo, o rei retornou ao castelo de onde, comentou-se na época, não queria mais sair. Grande fora o vexame! Mas, pouco tempo depois, os súditos já haviam esquecido o escândalo e os funcionários do reino tocavam sua rotina, como se nada tivesse ocorrido.


Embora não fique evidente para a maioria das pessoas, atrás daquela imagem poderosa representada pela figura do CEO existe alguém que lida com conflitos e medos. Da mesma forma acontecia com o rei. Existe ali alguém que tem a necessidade de realizar autocriticas e reflexões mais do que qualquer outra pessoa e não pode fazê-las publicamente.


Posso relatar que ao longo de mais de duas décadas trabalhando como executive coach me deparei diversas vezes atuando em “segredo” já que ninguém na organização poderia desconfiar que o CEO optara por um processo de coaching para avançar nos seus objetivos de desenvolvimento. Assumir isso publicamente em nossa cultura, pelo menos no momento, ainda é visto como uma demonstração de insegurança, fragilidade e vulnerabilidade. Interessante que paradoxalmente ser vulnerável é um dos requisitos mais esperados dos líderes, pelo menos em pesquisas e artigos é o que aponta, mas que na vida prática não é assim.


Apresentado esse cenário, reflita comigo: como abrir espaços de vulnerabilidade e de confiança para receber feedbacks verdadeiros? Como ler os aspectos invisíveis da cultura da organização? Como perceber seus blind spots? Como contar com um espaço seguro para souding board? Como o Rei pode se mostrar nu?


O coaching oferece uma experiência que se estende muito além dos limites da própria organização do indivíduo. Tipicamente é realizado por alguém maduro e que atua como um facilitador do aprendizado em tempo integral. O seu foco é através de uma parceria apoiar os indivíduos a aprender desenvolvendo capacidades, fazendo perguntas desafiadoras e ajudando os indivíduos a entender os seus próprios processos de pensamento, proporcionando um ouvido externo independente e com visão objetiva. Trabalha as demandas em termos de carreira, desempenho e circunstâncias pessoais. Aborda ainda os problemas e possibilita exercícios onde o modo de aprendizagem que acontece pela ação auxilia a descobrir o melhor desempenho e o mais eficaz. Se associarmos com o conto é um processo de desnudamento consciente.


Com o foco na relação o coach se torna a única pessoa que pode dar o feedback mais pesado para o CEO. Algo que certamente nenhuma outra pessoa da organização seria capaz. É provável que para muitos falte essa troca que só é possível de ocorrer quando existe uma relação franca e segura para ambos. Essa particularidade na forma de atuar desbloqueia no executivo recursos que ele já possuía para superar seus maiores conflitos e livrá-lo do temido isolamento.


De que forma um processo de coaching pode desafiá-lo nos aspectos da liderança e do crescimento de sua carreira?


A abordagem no coaching prepara para discutir e fazer os executivos pensarem. Isso estabelece que o método de aquisição de conhecimento aconteça por meio do processo de perguntas e respostas que levam a uma definição e compreensão precisas. Em sua essência é uma forma de relacionamento e não procedimentos, programas ou atividades. O verdadeiro aprendizado vem das relações construídas com esses recursos. Por isso o coach se torna um grande articulador para que tudo ocorra no ambiente certo e da forma certa, pois o seu papel é o de ser um especialista em fazer perguntas que exponham possíveis contradições e gerem insights para ajudá-lo a responder às suas questões.


Para produzir a sinergia adequada é preciso ter em mente que a atenção pessoal focada é a chave para o desenvolvimento dos indivíduos. Conversar com a outra pessoa pode liberar informações ou recursos dentro de você que você não percebia que estavam presentes até aquele momento. O processo de coaching não se trata de uma conversa sobre desempenho passado, mas de um acompanhamento mais próximo que garante que os líderes saibam o que fazem bem e consigam evoluir naquilo que precisam melhorar.


Até certo ponto o coach funciona como uma espécie de alter ego do CEO pois muitas vezes ele não tem ao seu lado alguém que converse verdadeiramente com ele (seja por receio ou por conveniência). Cabe ao coach profissional desempenhar esse papel de modo muito distinto, em essência o papel da menina do conto que até por ingenuidade fala de algo que tacitamente estava proibido de ser dito. Alguém capaz de desafiar os protocolos da corte.


Se deseja ter apoio de coach profissional para se desenvolver e amadurecer neste tema, entre em contato: jorge.dornelles.oliveira@ggnconsultoria.com.br Whats app (11) 96396.9951


A atuação do coach como um enciclopedista do conhecimento



Por que desenvolver a sua imaginação pode torná-lo um CEO mais competente?


Como a inspiração pode ajudar o CEO a liderar de forma eficiente?



Jorge Dornelles de Oliveira

Janeiro de 2022

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