Existe um motivo psicológico e filosófico para o Ano Novo gerar ideias transformadoras, e o Coaching sabe trabalhar esse momento
- jorgedoliveira

- há 38 minutos
- 6 min de leitura
Não, este texto não é um balanço do ano de 2025, também não pretende ser uma retrospectiva dos melhores ou piores momentos individuais. A reflexão que proponho aqui parte de outro lugar: compreender como a nossa mente opera, à luz da psicologia, por meio de ciclos e arquétipos, muitas vezes sem que nos demos conta disso. Assim, toda transformação que idealizamos ou efetivamente realizamos costuma seguir um percurso quase sempre semelhante. Esse movimento se torna especialmente evidente na transição de um ano para outro, quando o simbolismo do recomeço ganha força. O maior desafio, no entanto, está em sair do campo das ideias e avançar para a ação concreta.
Mas como estruturar uma jornada consciente, deliberada e madura de transformação, tornando possível aquilo que antes existia apenas como intenção?
De acordo com a psicologia analítica de Carl Jung, momentos como o Ano Novo simbolizam um portal arquetípico para o processo de individuação, onde o Self [o centro unificador da psique, abrangendo consciente e inconsciente] impulsiona uma renovação profunda no indivíduo. Diferente de resoluções superficiais, representa o arquétipo do renascimento, como o mito da Fênix, convidando à integração da Sombra (aspectos reprimidos) e à confrontação com o inconsciente coletivo. Jung via transições cíclicas como o Ano Novo não como meros eventos externos, mas como chamadas internas do Eu para deixar o antigo e abraçar transformações autênticas.
Psicologicamente, este momento do ano ativa o que se chama de "efeito do recomeço". A data funciona como um ponto de descontinuidade mental, permitindo-nos separar simbolicamente os erros, cansaços e fracassos do passado ("o ano velho") e visualizar um futuro não escrito ("o ano novo"). Essa segmentação temporal reduz a dissonância cognitiva, liberando-nos do peso da identidade passada e abrindo espaço cognitivo para novas identidades e possibilidades. A tradição das resoluções de ano novo é a manifestação prática desse desejo de autorreinvenção. O ritual coletivo de celebração reforça essa narrativa de renovação, validando socialmente o impulso de mudança.
A Fênix é um dos mitos mais antigos e universais da humanidade, presente em diferentes culturas como símbolo de morte, regeneração e continuidade da vida. Diz a lenda que, ao pressentir o fim de seu ciclo, a ave constrói um ninho e se deixa consumir pelo fogo, reduzindo-se às próprias cinzas. Não se trata de um fim trágico, mas de um encerramento consciente de uma etapa. Das cinzas, uma nova Fênix nasce, não como negação do que foi, mas como expressão amadurecida de tudo o que já viveu. O mito nos lembra que transformação verdadeira exige atravessar perdas, rupturas e momentos de desconforto, sem atalhos ou ilusões.
Mais do que uma metáfora de força, a Fênix representa um processo de reconhecer o esgotamento, permitir o encerramento e dar espaço ao novo. É justamente nesse ponto que a ideia de recomeçar ganha sentido, não como promessa vazia, mas como decisão amadurecida. Da mesma forma, o processo de coaching atua como um facilitador dessa travessia, ajudando o indivíduo a dar forma consciente à própria transformação, saindo do campo do desejo e caminhando, com clareza e intenção, para a ação.

De modo geral, observo que existem caminhos bastante recorrentes quando o assunto é transformação em tempos de ciclos, especialmente quando falamos desse momento de tirar ideias do papel e trazê-las para a realidade. Muitos clientes, e até pessoas próximas que conheço, escorregam com facilidade nesse percurso e acabam adormecidos em um estado de estagnação quase imperceptível assim que passa esse momento reflexivo que influencia individual e coletivamente.
Entretanto, para aqueles que conseguem atravessar esse momento, o primeiro passo para mudar o rumo, costuma ser a construção de uma visão mais realista e consciente sobre os próprios projetos e desejos. Para isso, existem inúmeras metodologias, exercícios e abordagens que ajudam a dar forma ao que antes era apenas intuição ou vontade difusa. O segundo caminho, porém, é frequentemente negligenciado, que é a observação rigorosa das próprias ações no presente. Significa olhar com honestidade para o cotidiano e compreender, sem autoengano, para onde essas ações estão de fato estão te conduzindo. Afinal, não basta saber onde se quer chegar; é preciso reconhecer se o que se faz hoje está alinhado com esse desejo ou se, silenciosamente, está levando para outro lugar. Do contrário, o próximo ano será apenas uma repetição deste.
Por essa razão, na prática, uma grande parte dos meus clientes afirmam saber o que desejam, reconhecem seus sonhos, valores e intenções, mas agem cotidianamente de forma desalinhada com essa visão. O paradoxo é silencioso, sutil. Enquanto o discurso aponta para um futuro ideal, os comportamentos revelam outra direção. Assim, quase sem perceber, a pessoa reforça padrões que sustentam a repetição do mesmo ciclo, adiando a mudança que diz tanto buscar.
Um outro perfil recorrente nesse processo é o de pessoas que não conseguem formular uma visão clara e objetiva de futuro e, por isso, concluem de forma precipitada, que não têm planos ou projetos para o próximo ano, por exemplo. E assim, não se sentem conectadas a um propósito. No entanto, essa falta de clareza não revela incapacidade, mas sim uma ausência de consciência sobre a direção implícita das próprias ações. O arquétipo que melhor encapsula a essência da maturidade, especialmente no contexto de renovação cíclica consciente, é o do Sábio. A maturidade não é a vitória do "bom" sobre o "ruim", mas a capacidade de acolher e administrar os paradoxos da vida, luz e sombra; ação e repouso, tradição e inovação.
Como você navega entre seus ciclos? Quais rituais marcam suas transições, como sintoniza seu ritmo pessoal e que intenções projeta para o próximo capítulo da sua jornada de transformação?
Mesmo quem acredita estar “sem rumo” está sendo conduzido a algum lugar, muitas vezes pela inércia, pela repetição automática de padrões ou por decisões não examinadas com mais profundidade. O verdadeiro desafio do coaching, portanto, é iluminar o caminho que já está sendo trilhado e tornar visíveis os movimentos cotidianos, os hábitos, as escolhas e as intenções que moldam o futuro silenciosamente. Quando esse percurso ganha clareza, abre-se espaço para decisões mais deliberadas, coerentes e alinhadas, capazes de romper ciclos estagnados e inaugurar novos começos com mais maturidade, sentido e responsabilidade sobre a própria transformação.
Não por acaso, este é o período em que muitos voltam a sua atenção para transições de carreira. Existe um desejo de mudar algo que está incomodando. Esse movimento segue a mesma lógica cíclica: trata-se, antes de tudo, de uma revisão deliberada de comportamentos e de um novo olhar sobre o que já se construiu. Nada se transforma por mágica e, justamente por isso, todo o capital de experiência anterior [maturidade] é não apenas preservado, mas valorizado para avançar para um novo ciclo.
Dessa forma, um novo ciclo profissional, portanto, vai muito além de uma simples mudança. Ele é a reafirmação da nossa capacidade de evolução contínua. Essa é a prova tangível de que é possível renascer no campo do trabalho sem desprezar a essência já consolidada; pelo contrário, trata-se de expandi-la com sabedoria, elevando-a a novas dimensões de significado e realização. Nesse percurso transformador, cada conhecimento funciona como ponte sólida entre a sabedoria prática da experiência e o potencial ainda inexplorado do amanhã. É essa síntese que configura um dos processos mais ricos e profundos de transformação na vida adulta. Tal como o mito da Fênix, que já mencionei.
Com toda a analogia desenvolvida ao longo deste texto, fica evidente que trabalhar a maturidade é um elemento central para atravessar ciclos, encerrá-los com consciência e acessar novos estágios de desenvolvimento. A maturidade, nesse sentido, é um terreno fértil onde a experiência se transforma em sabedoria e sustenta reinvenções mais coerentes, profundas e alinhadas ao propósito. É justamente nesse estágio que o arquétipo do sábio se manifesta com maior clareza: na busca genuína pela verdade, no respeito ao conhecimento lapidado pela vivência, na capacidade de análise e reflexão cuidadosa e na autonomia intelectual que permite escolhas mais livres, responsáveis e significativas. Por essas razões, o processo de coaching lida, essencialmente, com processos humanos de consciência, escolha e mudança, e esses processos não acontecem de forma linear, eles se organizam, quase sempre, em ciclos.
Como você tem organizado suas reflexões e escolhas para inaugurar um novo ciclo mais coerente com sua visão e seus valores?
Com mais de 25 anos de experiência em coaching e mais de 7.000 horas dedicadas ao desenvolvimento humano, meu propósito é criar processos personalizados que ampliem o potencial e fortaleçam o nível de consciência de líderes e equipes. Sou Jorge Dornelles de Oliveira e coloco-me à disposição para construir, junto com você, um caminho de evolução real, feito sob medida para suas necessidades e objetivos.
📞 Fale comigo pelo WhatsApp (11) 97675-3380 e descubra como podemos transformar desafios em resultados.
📘 E não deixe de adquirir meu livro Coach on Time, um verdadeiro guia para compreender a essência e a potência dos processos de coaching. Link para a compra do livro: https://www.jorgedornellesdeoliveira.com/category/all-products
Jorge Dornelles de Oliveira
Dezembro de 2025





Comentários