Você já percebeu que aumentou o número de homens barbados? Eu já. E é isso o que vem me deixando cada vez mais intrigado dentro da minha pesquisa sobre o universo masculino. A princípio achei que era mais um modismo desses passageiros, afinal, essas tendências vão e vem sem parar. Mas, devido ao número acentuado de homens que fazem questões de exibir seus pelos faciais, em diferentes classes, eu comecei a acreditar que se trata de um fenômeno que vai um pouco além disso.
Barbas grandes, com contornos definidos, ralas, mais rústicas e longas, – todas sempre devidamente cuidadas -, é quase como se os homens dissessem, nesse terreno vocês mulheres não podem pisar, aqui mandamos nós. E não queremos mais nos diferenciar simplesmente de maneira individual! Queremos que isso seja esteja estampado literalmente em nossas caras, que seja uma manifestação de grupo!!!
Ao longo dos séculos, desde a década de 1770 quando o barbeador começou a ganhar importância, as barbas tiveram ciclos dos mais variados – costeletas ficaram famosas na segunda metade de 1800, bigodes também, e as barbas mais pro final desse século, sempre com um modismo alternado de acordo com a intenção de atrair parceiros sexuais. Aliás, essa alternação, segundo os estudiosos do assunto, se dá pelo fato de que quando estão fora de moda, tornam-se um traço físico excepcional de atratividade, e quando são mais frequentes deixam de ser desejadas.
Todo ano os pesquisadores das tendências de barbas apontam um ou outro modismo. No início do ano passado, por exemplo, juraram que a barba grande estava de saída, que até mesmo aquele jeito moderno de exibir alguns pelos, como se ela estivesse sempre por fazer, iria embora (para sempre?), voltando a valer o rosto liso. Mas não é o que temos visto, ao menos no Brasil – em São Paulo, sobretudo.
Aqui o que se vê é o crescimento das barbas e dos locais onde elas são cultivadas. Na cidade se espalham aquelas barbearias que imitam o layout daqueles antigos locais que a gente ainda vê nos filmes, onde só os machos ousavam pisar. Repaginadas, as novas barbearias exploram outras atividades como a sinuca ou o gosto pela cerveja, atos teoricamente masculinos, não deixando espaço para nenhuma saia.
Será que é isso mesmo? Com isso, os homens estão enfatizando o controle sobre os pelos faciais como um jeito de expressar a insatisfação e a vontade de se sobressair mais do que nunca. Afinal, a reafirmação do masculino, através desse grito coletivo (fenótipo de grupo?) é a tentativa de exaltar o único traço que as mulheres não conseguem ter num mundo em que os dois gêneros estão cada vez mais parecidos: a barba.
O que você pensa sobre isso?