Qual é o maior desafio que você enfrenta ao interagir ou compreender as novas gerações? De que forma você acredita que a sua geração contribuiu ou influenciou positivamente as gerações mais jovens?
Gerações mais jovens podem preferir comunicação digital (e-mails, mensagens instantâneas), enquanto gerações mais antigas podem preferir reuniões presenciais ou telefonemas. Gerações mais jovens podem valorizar horários flexíveis e trabalho remoto, enquanto gerações mais antigas podem preferir uma estrutura mais tradicional. Quem vai definir a cultura da empresa?
A relação entre gerações e cultura é um tema complexo e multifacetado, abordado por diversos estudiosos da psicologia, sociologia e antropologia. A cultura é alguma coisa transmitida e transformada ao longo das gerações, mas também é influenciada por contextos históricos, sociais e tecnológicos. Por isso, cultura é um fenômeno dinâmico, constantemente redefinido pelas gerações que a herdaram e a transformaram. Como Karl Mannheim destacou em "O Problema das Gerações" (1928), cada geração tem uma "unidade geracional" que a leva a reinterpretar a cultura à luz de suas próprias experiências.
No mundo atual, isso se reflete em mudanças rápidas e profundas, impulsionadas pela tecnologia, globalização e novos valores. O impacto é visível em todas as esferas da vida, desde o modo como trabalhamos até como nos relacionamos e entendemos nosso lugar no mundo. A força de trabalho atual é composta por 4 gerações: [da mais velha para a mais nova] Baby Boomers, Geração X, Millennials e Geração Z. Essas gerações foram criadas em diferentes ambientes sociais e políticos e, portanto, correspondem a diferentes criações na infância e ambientes familiares, que geram diferentes valores, desejos e necessidades na vida adulta. Mas diante de tanta miscigenação, quem define a cultura que prevalece? Como conceder os desejos a múltiplas gerações ao mesmo tempo? Alguma geração deve ser considerada mais importante que outra por alguma razão?
Quais aspectos da sua geração você considera mais significativos e que moldam sua identidade? De que forma as características das outras gerações não ressoam com seus valores ou estilo de vida?
Com várias empresas no Brasil se preparando para o retorno ao trabalho presencial após um longo período desde o início da pandemia, tenho acompanhado diversas discussões nas redes sociais, especialmente entre os jovens da Geração Z, que são favoráveis à manutenção do modelo de trabalho remoto. Embora as reivindicações possam ser legítimas, surge a questão: por que deveriam prevalecer? Líderes mais experientes, pertencentes às gerações Baby Boomers, acreditam que a produtividade é impulsionada pelo trabalho presencial, onde a imersão diária na cultura da empresa desempenha um papel fundamental. Essa perspectiva também é válida. O que fazer então com essa divergência de culturas que é pertinente a cada geração, mas precisam conviver no mesmo ambiente?

Em qual geração você está? Quais aspectos das outras gerações tendem a gerar incômodo para você e, por outro lado, quais características você consegue reconhecer e aceitar como contribuições válidas?
Uma pesquisa da Deloitte (2022) mostrou que 49% da Geração Z e 44% dos Millennials priorizam valores pessoais alinhados aos da organização em que trabalham. Outro estudo, esse da McKinsey (2021) revelou que 58% dos jovens profissionais consideram a flexibilidade um fator crucial para permanecer em um emprego. Segundo a PwC (2021), 83% da Geração Z acredita que a diversidade é essencial para um ambiente de trabalho saudável. Essas são apenas algumas das características que cada geração acredita e carrega consigo. Existem diversos outros aspectos a serem considerados, mas detalhá-los aqui seria extenso pois basta uma amostra para entender o cenário. O desafio surge em conciliar esses diferentes desejos, uma vez que cada grupo valoriza aspectos distintos da vida e nem sempre as organizações estão preparadas para lidar com tal diversidade cultural.
Como a sua empresa gerencia e integra as múltiplas gerações presentes no ambiente de trabalho, garantindo que as diferenças sejam transformadas em oportunidades de colaboração e inovação?
Margaret Mead, antropóloga e escritora norte-americana, destaca em "Cultura e Compromisso" (1970), três modelos de transmissão cultural: pós-figurativa (onde os mais velhos ensinam os mais jovens), configurativa (onde pares de mesma geração aprendem uns com os outros) e pré-figurativa (onde os jovens ensinam os mais velhos, comum em sociedades de rápida mudança tecnológica). Mead sugere que, no mundo moderno, a cultura é cada vez mais pré-figurativa, com os jovens liderando a adaptação a novas realidades. Claro que, segundo o ponto de vista da autora, a tecnologia tem um papel relevante nesse controle. Mas essa não deve ser a única orientação, pois não é um único aspecto e uma única geração que define a cultura, mas sim o diálogo e o conflito entre elas é que moldam o mundo em que vivemos.
Para superar desafios relacionados a conflitos e desejos influenciados por fatores culturais, é essencial ir além da mediação e gestão dessas diferenças. A promoção de uma cultura organizacional baseada em respeito mútuo, comunicação transparente e flexibilidade é fundamental. Uma abordagem eficaz pode incluir a implementação de processos intergeracionais, nos quais as gerações mais jovens compartilhem conhecimentos sobre novas tecnologias e tendências com as gerações mais experientes, e estas, por sua vez, transmitem sabedoria e experiência acumuladas. Além disso, a adoção de políticas robustas de inclusão e diversidade, que considerem as necessidades e perspectivas de todas as gerações, é crucial para fomentar um ambiente de trabalho mais harmonioso, colaborativo e produtivo. Essa integração de conhecimentos e valores não apenas resolve conflitos, mas também enriquece a dinâmica organizacional, impulsionando a inovação e desenvolvimento.
Quais são as oportunidades que podem surgir com a sinergia geracional?
Ao desenvolver o potencial dos indivíduos por meio da criação de conexões genuínas, respeito mútuo e identificação, é natural que eles se tornem mais engajados e colaborativos. O elemento central que fortalece a lealdade e a motivação entre as pessoas é a apreciação. Reconhecer e valorizar as contribuições de cada um é essencial para construir um ambiente harmonioso e produtivo. É fundamental que você tenha — ou desenvolva — a consciência de como essa interação pode ser uma ferramenta poderosa para resolver conflitos geracionais. Ao fazer perguntas-chave, você estimula o diálogo, promove a compreensão mútua e fortalece os laços entre as pessoas.
As diferenças, quando bem direcionadas e gerenciadas, podem se transformar em uma fonte de inovação na organização. Em vez de serem vistas como barreiras, elas podem se tornar um canal criativo e produtivo, beneficiando todos os envolvidos. Ao cultivar a apreciação e o diálogo, você não apenas resolve conflitos, mas também abre portas para novas ideias e soluções, transformando desafios em oportunidades de crescimento coletivo. É essencial adotar uma postura aberta e curiosa, buscando compreender as particularidades de cada grupo. Procure sempre compartilhar percepções e identificar pontos em comum, pois isso fortalece a conexão e promove um ambiente de respeito mútuo.
De que forma esse conteúdo te ajudou a refletir sobre essas questões?
Para discutir mais ou buscar apoio profissional, entre em contato: jorge.dornelles.oliveira@ggnconsultoria.com.br WhatsApp (11) 97675.3380
Jorge Dornelles de Oliveira
Fevereiro de 2025
Comments