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O desafio de trabalhar com times a partir de uma abordagem de Team Coaching

:: Reflexões sobre Team Coaching ::



O trabalho com grupos e times é algo que se faz há muito tempo. Se você faz esse tipo de trabalho provavelmente você é um profissional que tem alguma ou muita experiência em facilitação de grupos e provavelmente acumula muito sucesso em processos de formação de times, os famosos Team Buildings, para falar somente de uma das formas mais utilizadas. Por outro lado, o Team Coaching, além das competências em trabalhar com times demanda competências específicas de trabalho como Coach. A combinação dessas duas habilidades é que vai fazer de você um bom Coach de Times.


Essa demanda crescente por trabalho com times ou grupos é algo que decorre de uma necessidade contemporânea das organizações para lidar com o fenômeno que surge a partir do processo de horizontalização da hierarquia que teve como consequência uma explosão de trabalhos em diferentes formas de grupos e times criando um processo de grande energização em muitos casos de revitalização das organizações, mas que em algum momento se aproxima da borda do caos. Em algumas organizações existe mesmo uma certa ansiedade em conseguir algum tipo de alinhamento entre os diversos times para evitar grandes perdas por falta de sinergia.


Então ativar sinergias entre os times e dentro dos próprios passa a ser um grande desafio. É onde entra a nossa atuação como Team Coaches, e nesse mercado ainda novo temos o papel de além de atuar profissionalmente ir aos poucos educando o mercado no que significa esta nova abordagem para um tema bastante conhecido. Para que o trabalho tenha sucesso é necessário que o time tenha discernimento do seu próprio funcionamento.


De que modo o Coach de Times pode ajudar as equipes a terem mais consciência do seu papel e a atuarem de forma madura?


Para que isso aconteça para além de todos os modelos é necessário que você como coach de times seja capaz de exercitar a sua presença e observação. Esta é uma forma de você contribuir através de perguntas e intervenções para que o time vá percebendo os seus padrões e o que causa sinergia ou travamentos na sua atuação conjunta.


Costumo dizer uma frase conhecida e divertida para os times que trabalho, que explica de forma ilustrativa muito sobre o conceito do funcionamento das equipes. “O que acontece no time, fica no time”. É a minha adaptação da frase “O que acontece em Vegas, fica em Vegas”. Por que eu falo isso? Pelo simples fato de que ainda se muitas intervenções com times que as tendem a resolver fora do time algo que aconteceu dentro do time. Ou mesmo algo que acontece entre dois membros do time, entendendo que isso não afeta o time. Esse é um ponto crucial na vivência de equipes e precisa ser analisado com atenção. O que acontece no time precisa (e deve) ser equacionado pelo próprio time. Lembre o velho Eric Bernie: “trate adultos como adultos”.


Para que você faça uma leitura do cenário do grupo você como Coach necessita observar o desdobramento de uma série de situações sutis que acontecem. Por exemplo, quando um membro não se manifesta perante o grupo. O que está por trás desse desinteresse? Quando o grupo está subdividido, quando os resultados e o foco estão distantes? O que está distraindo o time? Elementos como estes, de alguma forma estão camuflando a realidade da equipe. Prestar atenção neles te fornecerá amplos materiais de análise.


A consequência de não tratar adulto como adulto é também uma das armadilhas que esse contexto confere, pois faz com que você acredite que o time nunca está pronto para lidar com algumas questões e evite que o time resolva sues conflitos claramente. Atribuir ao time a incapacidade de lidar com determinadas circunstâncias e não ter conversas abertas contribuem para a falta de confiança crescer e traz insegurança. O time precisa lidar com aquilo que ele está pronto para lidar. E aprender a lidar com o que ainda não está. Quando você está no papel de Coach de Times você precisa apoiar e desafiar o time para que ele vá adquirindo disposição para abordar essas questões gradativamente. Perceber com quais temas um time está pronto para lidar e com quais temas ele ainda não está pronto para lidar são pontos fundamentais nesse processo de desenvolvimento. A única forma de descobrir isso é observando os comportamentos e reações.



Diante de quais temas o time adota atitudes imaturas de resolver as situações? Diante de quais temas o time assume uma postura madura para encontrar soluções? Como acontecem os processos decisórios no grupo?


Quando o time reconhece o seu funcionamento (sua dinâmica) ele passa a avançar o seu nível de consciência. A ideia de que quando surge algum problema é necessário ter uma intervenção externa para resolver faz com que a equipe se enfraqueça. Operando assim o time não participa do processo de construção da solução, e consequentemente não ganha musculatura, não amadurece para tratar de outras questões mais complexas.


Seu papel como Team Coach é basicamente é apoiar o time para que ele sustente seus temas de forma adulta, encontre os seus padrões de atuação e crie o seu próprio espaço de maturidade para que dele surjam soluções para lidar com os diversos posicionamentos. Dessa maneira você será mais um “parceiro facilitador” para ajudar uma equipe a explorar essas áreas a atingir um estágio em que os membros confiem mais facilmente uns nos outros, se envolvam em debates (sem filtro) sobre questões, se comprometam sinceramente com decisões e agendas compartilhadas e se concentrem na obtenção de resultados coletivos.


Embora cada equipe tenha suas próprias formas de funcionar alguns sinais podem ajudá-lo em sua observação. O livro Cinco Disfunções de um Time (The Five Disfunctions of a Team, 2002), do autor Patrick Lencioni, analisa por que equipes eficazes são tão singulares e oferece algumas recomendações específicas para observar as barreiras que levam a equipes serem menos eficazes. Observe se esses elementos estão presentes nas equipes que você atua:


  1. Ausência de Confiança: equipes que não confiam escondem fraquezas e erros, hesitam em pedir ajuda, tiram conclusões precipitadas sobre as intenções dos outros, guardam rancor e temem reuniões.


  1. Medo do conflito: a falta de confiança leva ao medo do conflito. Nesses, times os funcionários se preocupam mais com política e gestão de riscos pessoais do que com a resolução de problemas. As reuniões costumam ser superficiais porque evitam tópicos controversos.


  1. Falta de Compromisso: quando as equipes evitam conflitos e portanto acordos claros, o medo do fracasso se desenvolve. Essas equipes têm dificuldade em tomar decisões e assumir sua autonomia.


  1. Evitar Responsabilidade: a dúvida e a falta de objetivos comuns levam à incapacidade de desenvolver padrões de desempenho.


  1. Desatenção aos resultados: quando as equipes não têm foco e objetivos claros, os membros da equipe ficam estagnados, se distraem e se concentram em si mesmos.


Lembre-se de que não existe um modelo de time ideal. A sua atuação tem a ver com o time e com a capacidade de desenvolvê-lo para que ele resolva suas próprias discussões. Por isso, crie situações para que o time reflita, seja desafiado e compreenda que pode ser útil para o sue crescimento.


Como você tem utilizado o processo de Team Coaching para apoiar suas equipes nesse sentido?


No próximo artigo vou aprofundar no tema: O medo do conflito. Como o conflito pode ser trabalhado positivamente dentro dos times. Acompanhe.


Se deseja ter apoio de coach profissional para se desenvolver nesse tema entre em contato: jorge.dornelles.oliveira@ggnconsultoria.com.br Whatsapp (11) 96396.9951


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Jorge Dornelles de Oliveira

Junho de 2022

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