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E se a verdadeira transformação no coaching não estiver nas respostas, mas em aprender a viver a pergunta?

  • Foto do escritor: jorgedoliveira
    jorgedoliveira
  • há 7 dias
  • 5 min de leitura

Você consegue sentir, nos seus momentos de mudança e dúvida, que 'viver a pergunta' é um ato de confiança, uma entrega à sabedoria do tempo, que amadurece suas compreensões de forma orgânica?


Perguntar é uma arte fundamental nos processos de coaching. Dominar o uso da pergunta como ferramenta exige desenvolvimento contínuo, prática constante e aprendizado ao longo de toda a trajetória do coach profissional. Mais do que saber fazer a pergunta, é essencial reconhecer o momento exato para fazê-la! Esse timing é o que, sem dúvida, diferencia um coach experiente de um iniciante.


Quando faço uma pergunta, é natural que você comece a pensar e, em seguida, reaja respondendo ao que foi dito. Isso significa que a pergunta desencadeia uma série de reações espontâneas: pode trazer à tona uma memória, um estímulo jamais considerado, uma provocação, um insight ou até mesmo uma mudança. Pode suscitar uma reflexão profunda, levando-o a avaliar suas aspirações, motivações, escolhas, suposições, prioridades e comportamentos. Uma pergunta bem construída tem o poder de abrir portas, especialmente no contexto do coaching. Por isso, é essencial saber dirigir essa habilidade com precisão, escolhendo a pergunta certa no momento ideal durante o processo.


Para Rainer Maria Rilke (1875-1926), poeta nascido em Praga e reconhecido como um dos grandes nomes do século XX, a pergunta é um elemento essencial e transformador para o indivíduo. A pergunta é para se “viver”. Segundo ele, questionar não é um problema a ser solucionado, mas um estado de abertura e envolvimento profundo com a vida. É na coragem de permanecer na incerteza que ocorre a verdadeira transformação. Rilke afirmava: “Tenha paciência com tudo que ainda não está resolvido em seu coração e ame as próprias perguntas, como se fossem quartos fechados ou livros escritos em língua estrangeira. Não busque agora as respostas que não podem ser dadas, pois ainda não poderia vivê-las. Trate, justamente, de viver tudo. Viva as perguntas agora. Talvez, pouco a pouco, num belo dia, sem perceber, você venha a viver as respostas.” Viver a pergunta, portanto, é um processo mais profundo do que normalmente se imagina. Algo que está no cerne do que o coaching propõe em sua essência.


Quando Rilke apresenta essa ideia genial, ele vai contra a corrente da maioria das pessoas. Vivemos em uma era em que a rapidez exige respostas imediatas, mas qualquer processo de transformação precisa ser plenamente vivido. Assim, o mais importante não são as respostas, mas as perguntas. Para explicar isso, ele traz uma reflexão brilhante: valorizar as próprias perguntas é o ponto de partida. Rilke nos convida a reconhecer a importância das nossas questões internas, enfatizando que não devemos buscar respostas externas apressadamente, mas confiar no significado das próprias indagações. Procure, portanto, amar suas perguntas, pois elas são verdadeiramente valiosas.


O próximo passo é “Viver as Perguntas”, o conceito mais conhecido de Rilke. Ele nos convida a não buscar respostas prontas, pois para as questões mais profundas da vida como amor, morte, fé e propósito, as respostas não podem ser simplesmente dadas; precisam ser vividas e experimentadas. Viva as perguntas, e talvez, um dia distante, de forma gradual e quase sem perceber, você passe a viver dentro das respostas. A metáfora é poderosa: uma resposta pronta é como uma semente plantada por outra pessoa em seu jardim. Ela pode até crescer, mas jamais será verdadeiramente sua. Viver a pergunta significa plantar sua própria semente, cuidar dela e acompanhar seu crescimento, que se tornará uma resposta orgânica e integrada à sua vida. No processo de coaching, essa é a expectativa real. Não se deve esperar respostas imediatas ou definitivas, mas compreender e vivenciar esse movimento profundo. Não é um chavão, é uma experiência essencial.


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A paciência e o tempo interior são fundamentos essenciais que Rilke nos ensina ao propor um mergulho profundo em si mesmo. Para ele, a paciência é a confiança no ritmo natural do amadurecimento interior, pois as respostas genuínas emergem de dentro, quando a pessoa está pronta para acolhê-las. Como ele aconselha: "Não busque agora as respostas que não podem ser dadas a você porque você não seria capaz de vivê-las. E o ponto é, viver tudo. Viva as perguntas agora." Rilke destaca a importância de um engajamento paciente e aberto ao processo de autoconhecimento e transformação, valorizando a jornada em si, não apenas o destino final.


No contexto do executive coaching, muitos clientes relatam a angústia natural de atravessar esse período de incerteza, já que estamos habituados a agir com urgência e imediatismo. Entretanto, nem tudo está destinado ao instante; o que realmente importa é o desenvolvimento duradouro e profundo, que só acontece com tempo e paciência. Essa é a essência do amadurecimento que Rilke propõe, em que o silêncio interior, a solidão reflexiva e a confiança no tempo tornam-se aliados para a verdadeira mudança.


Nosso cérebro é, antes de tudo, um órgão de sobrevivência. A incerteza é interpretada pelo sistema límbico (especialmente a amígdala) como uma ameaça potencial. Em um ambiente selvagem, não saber se um ruído é o vento ou um predador pode ser fatal. Portanto, nosso mecanismo padrão é reduzir a ameaça. Isto é, encontrar uma explicação (mesmo que errada) acalma o sistema de alarme e reduz a ansiedade. Uma resposta, qualquer uma, cria a ilusão de previsibilidade e controle sobre o ambiente. Mas no sentido profundo de um processo de coaching, em que a transformação de comportamentos está implícita, a busca por respostas rápidas ou prontas, além de tudo, é fútil e superficial, pois ignora o trabalho interior necessário para que uma resposta faça sentido.


Com isso, fica mais claro compreender a profundidade desses conceitos, reconhecendo que cada ser humano é único e que sua jornada deve respeitar essa singularidade. Uma resposta que serve para uma pessoa não necessariamente se aplica a outra. Amadurecer é um processo que deve ser vivido integralmente, pois a vida é um contínuo tornar-se [modificar-se]. As perguntas são o motor desse processo; respondê-las prematuramente interrompe o crescimento autêntico. A profundidade desse amadurecimento está ligada diretamente ao inconsciente, já que as respostas mais significativas "amadurecem" em camadas profundas da nossa existência, além da razão imediata.


Nesse percurso de viver a pergunta em sua plenitude, atravessamos fases essenciais: primeiramente, aceitar a inquietação provocada pela pergunta; depois, observar como ela se manifesta nas escolhas diárias, nos gostos e nas aversões; experimentar o novo, permitindo-se errar e aprender; e, finalmente, confiar que, com o passar dos anos e uma vivência intensa, o propósito de vida vai se revelando naturalmente, como uma paisagem que lentamente se ilumina com o amanhecer. Esse amadurecimento profundo, paciente e singular é o que Rilke tão poeticamente nos convida a experienciar.​


Em sua experiência, você já sentiu que uma resposta genuína não era uma conclusão, e sim uma mudança silenciosa que aconteceu em você com o tempo?


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Jorge Dornelles de Oliveira

Novembro de 2025

 
 
 

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