Coaching e a Era da Consciência: um chamado ao desenvolvimento humano
- jorgedoliveira
- há 12 minutos
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O caminho não é se consertar, mas se expandir.
Com o passar dos anos, houve uma significativa evolução na percepção do coaching nas organizações. Inicialmente visto como uma ferramenta corretiva voltada para ajustar comportamentos considerados desalinhados, ele era aplicado como um instrumento de conformidade. Mas com o tempo, essa visão deu lugar a um entendimento mais profundo: o coaching transformou-se em uma parceria de desenvolvimento que não busca padronização, mas sim a expressão autêntica do indivíduo. Trata-se de uma mudança de paradigma fundamental; a transição de um modelo focado no déficit (que identifica o que está errado e precisa ser "consertado") para um modelo centrado no potencial (que identifica e libera os talentos e capacidades latentes).
Esta primeira visão, remedial, ainda é a que prevalece no imaginário popular. A abordagem moderna, contudo, conhecida como Coaching de Expressão, alinha-se com a psicologia positiva e, especialmente, com a "Era da Consciência". Seu propósito não é corrigir falhas, mas cultivar e permitir que o potencial já existente no indivíduo se manifeste plenamente no mundo, a partir de sua identidade mais verdadeira e integral. Seu desenvolvimento vem de uma fórmula pronta ou emerge naturalmente, respeitando sua trajetória e sua essência?
Na chamada ‘Era da Consciência’ caracteriza-se a busca crescente por compreensão interior, identificação de padrões emocionais, reconhecimento de limitações e desenvolvimento da inteligência emocional, visando à realização do ser integral. Paralelamente, amplia-se a consciência de que nossas escolhas exercem impacto profundo não apenas em nossas vidas, mas também na sociedade e no planeta como um todo.
Rudolf Steiner, filósofo, educador e fundador da antroposofia e da pedagogia Waldorf, descreveu a evolução da humanidade por meio de eras distintas. Passamos pelas Almas da Sensação, Razão e, por fim, a da Consciência. Se outrora o ser humano estava submisso à vontade divina, agora é convocado a tornar-se senhor de seu próprio destino. Essa mesma trajetória se reflete nas leis biográficas que propôs: nos primeiros setênios, vivemos predominantemente a "alma da sensação"; entre os 28 e 42 anos, a "alma da razão"; e a partir dos 42, adentramos o estágio da "alma da consciência".

É precisamente nesse território de maturidade consciente que o coaching encontra sua vocação mais profunda. É aqui que eu atuo como profissional. Pois quando o indivíduo conquista autonomia, já não busca gurus ou mestres que lhe digam o que fazer, mas sim um parceiro de jornada, alguém que o auxilie a encontrar suas próprias respostas e a construir caminhos alinhados com seus valores mais essenciais.
Alcançado esse estágio de maturidade, experiência e conhecimento acumulados, o processo de coaching emerge como uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento humano. Ele oferece, por meio de sua metodologia estruturada e suporte prático, as condições ideais para que o indivíduo incorpore os ideais da Era da Consciência em seu cotidiano. Funcionando como uma ponte entre a aspiração por uma vida mais consciente e sua realização concreta, o processo de coaching facilita essa transição através do estabelecimento de metas reais, da implementação de ações transformadoras e da constante revisão comportamental. Esse processo contínuo promove o reconhecimento de padrões limitantes e a ampliação do autoconhecimento. Dessa forma, o coaching não apenas se conecta à Era da Consciência, mas representa uma de suas expressões mais tangíveis, respondendo diretamente à demanda social crescente por crescimento pessoal, significado existencial e maior responsabilidade individual e coletiva.
Da Era da Consciência ao retrocesso: como a Pandemia potencializou o surgimento dos Gurus das Fórmulas Prontas para o Autoconhecimento? Como retornamos a Alma da Sensação?
Mas se até aqui a trajetória do coaching havia conquistado clareza e promovido uma consciência individual e coletiva, alinhado aos mais profundos estudos da consciência humana, a pandemia surgiu como um marco paradoxal, um suposto divisor de águas que, na verdade, provocou um enorme retrocesso. Este período reacendeu a busca por sentido, mas de forma distorcida, em um tecido social agora mais polarizado e vulnerável ao radicalismo. A voz dos supostos profetas e a promessa de soluções rápidas, amplificadas pelas redes sociais, ganharam força. Assim, fomos abruptamente arrancados da Era da Consciência e lançados de volta à Alma da Sensação, aquela esfera da nossa psique, descrita pela antroposofia, que é regida pelos sentidos, pelos impulsos primários e pelos sentimentos mais imediatos, como o medo, o desejo e o prazer. Nesse estado, nossa busca por segurança e respostas foi completamente externalizada, terceirizada para uma nova classe de oráculos: os especialistas e influenciadores digitais, que pontificam em nome da Deusa Internet e de suas filhas, as redes sociais.
Surge então uma eclosão de chamados por “mentores”, o que confirma nosso recuo para o final da Era da Sensação 700 AC, onde é mencionado na Odisseia (de Homero). Mentor que era o amigo de Ulisses a quem ele confiou a educação e proteção de seu filho Telêmaco e de onde deriva o termo Mentoring. Mas para Rudolf Steiner, os primeiros mentores da humanidade foram os seres espirituais (como os “Mestres da Sabedoria” e as hierarquias espirituais) que guiavam diretamente os seres humanos na Alma da Sensação.
Assistimos à proliferação de “mentores” que, na prática, são coaches que se rebatizaram para escapar da descrença associada ao termo "coaching" que, por sugerir o desenvolvimento da consciência, tornou-se um conceito incômodo em tempos que preferem fórmulas rápidas a reflexão profunda. É vital fazer uma distinção: um coach emprega metodologias para extrair o melhor do indivíduo, enquanto um mentor oferece um caminho pavimentado por sua própria experiência específica e conquistas em um campo determinado. Mas lembrando não existe mentor genérico, é preciso ter experiencia específica.
Temos ainda os Gurus Treinadores de fórmulas prontas, que representam um profundo retrocesso disfarçados sob uma roupagem de modernidade. Eles reforçam modelos antigos e limitantes de pensamento, contradizendo qualquer princípio de desenvolvimento genuíno. Ao se colocarem como a autoridade externa que detém "a fórmula que você não tem", mantêm o indivíduo em um estado de dependência infantil, eternamente buscando respostas fora de si mesmo.
É a repetição do modelo "mestre-discípulo", agora disfarçado de desenvolvimento pessoal. Em contrapartida, a verdadeira Evolução da Consciência reconhece o autoconhecimento como um processo complexo, não-linear e profundamente individual. Cada jornada é única, pois é moldada por uma história singular, sombras, talentos e contextos particulares, jamais podendo ser reduzida a uma solução pasteurizada. A busca por segurança na uniformidade é uma ilusão, cujo verdadeiro perigo é a perda da nossa singularidade.
Mas você deve estar se perguntando: então coaching é forma de desenvolvimento mais adequada para a Era da Consciência? E a resposta é sim! Estamos todos na era da consciência?
A resposta é simples, a sociedade como um todo deveria estar vivendo essa era, mas cada indivíduo vive a experiência dos três estágios da alma ao longo da vida. Alma da Sensação até 21 anos; Razão, entre 21- 42 anos; Consciência 42 anos em diante. Então, coaching sem dúvida é a abordagem mais adequada para os 40 + que precisam libertar a sua forma de pensar e construir seu caminho de vida autônoma. Eu diria que para a maioria dos executivos que já passaram dos 30 anos.
Remetendo ao pensamento inicial, a pandemia nos reconectou de forma abrupta à "Alma da Sensação". Esse regresso a um estado mais reativo explica, por sua vez, a busca regressiva por autoridades externas em todos os campos da vida social e a consequente rejeição a qualquer processo, como o coaching, que exige autoconhecimento e incita o indivíduo a pensar por si próprio.
O Coaching como arte do florescimento: a facilitação da essência individual.
Diante do panorama recente vivido pela humanidade e por suas revoluções tecnológicas, é urgente retomar e fortalecer os princípios da Era da Consciência. É fundamental reafirmar um valor incontornável, cada ser humano é, em sua essência, um universo singular de diversidade. Nenhuma moldura é capaz de conter a riqueza da individualidade humana. É precisamente aqui que se revela o verdadeiro papel do coaching: apoiar esse florescimento, num processo orgânico de dentro para fora, no qual a pessoa se reconhece, se fortalece e se expressa a partir de sua essência.
Diferente de qualquer imposição de modelos ou oferta de respostas prontas, a prática autêntica do coaching atua como um catalisador desse desabrochar. Sua função não é moldar o indivíduo a partir de um ideal externo, mas criar as condições férteis para que a semente única, que já existe em seu interior, germine, cresça e floresça por sua própria força. O coach não diz ao cliente quem ele é ou deve ser; antes, utiliza ferramentas poderosas, perguntas provocadoras, escuta ativa e feedback reflexivo, para servir como um espelho límpido. Muitas vezes, são justamente nossos talentos mais naturais e intrínsecos os que mais subestimamos, e é papel do coaching trazê-los à luz, permitindo que sejam reconhecidos e valorizados.
Em um mundo marcado pela superficialidade e por soluções instantâneas, o coaching se firma justamente na contramão, defendendo que o desenvolvimento genuíno, aquele que é sustentável e transformador, só ocorre por meio de uma busca interior, contínua e gradativa. Esse processo valoriza a jornada única de cada indivíduo, incentivando-o a explorar seus valores, sombras e potencialidades. Essa abordagem é crucial porque fortalece o autoconhecimento, cultiva autonomia e prepara a pessoa para navegar complexidades com resiliência e clareza, tornando-a não apenas mais consciente de si mesma, mas também mais capaz de contribuir com autenticidade para um mundo mais plural e menos polarizado.
O futuro da humanidade não reside na moldagem de indivíduos, mas em sua libertação consciente. Como você está respondendo ao chamado da Era da Consciência para expressar seu mais alto potencial?
Com mais de 25 anos de experiência em coaching e mais de 7.000 horas dedicadas ao desenvolvimento humano, meu compromisso é oferecer processos personalizados que potencializam CEOs em suas jornadas únicas e conscientes. Sou Jorge Dornelles de Oliveira e coloco-me à disposição para criar um atendimento sob medida, alinhado às suas necessidades. Entre em contato pelo WhatsApp (11) 97675-3380 e vamos construir juntos uma trajetória verdadeiramente transformadora.
Jorge Dornelles de Oliveira
Setembro de 2025
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