Até que ponto a IA pode conduzir um processo de coaching com a mesma profundidade, sensibilidade e eficácia de um ser humano?
- jorgedoliveira
- 4 de ago.
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É a inteligência artificial ou o ser humano que terá maior impacto no autodesenvolvimento e na capacidade de análise dos próprios comportamentos? Quem dominará a compreensão da mente humana no futuro, a inteligência artificial ou os próprios seres humanos?
Com uma trajetória de mais de 25 anos como coach de executivos e equipes, acúmulo mais de 7.000 horas de experiência prática, além de possuir certificações internacionais reconhecidas no mercado. Ao longo desse percurso, tive a oportunidade de palestrar em eventos, organizar encontros e promover discussões sobre o futuro da nossa profissão ao lado de futuristas, escritores e pensadores diversos. Todo esse empenho reflete meu compromisso em compreender as transformações do mercado de coaching e antecipar seus próximos desafios.
Atualmente, no entanto, percebo um cenário cada vez mais incerto na profissão. A ascensão acelerada da inteligência artificial traz à tona uma pergunta inquietante: até que ponto a IA pode nos superar profissionalmente? Quais os riscos envolvidos para aqueles que buscam realizar seu desenvolvimento exclusivamente por meio dessas tecnologias? Seremos meros coadjuvantes em nossa profissão? Como se Manter Relevante, Resiliente e Pronto para o futuro?
No livro "Eu, Robô" (I, Robot, 1950), de Isaac Asimov (1920-1992), o escritor e bioquímico russo-americano, autor de obras de ficção científica, apresenta um conto chamado "The Evitable Conflict" (O Conflito Inevitável). No conto, os robôs superinteligentes controlam grande parte da sociedade humana para evitar conflitos e promover o bem-estar, seguindo as Três Leis da Robótica. Mas surgem dilemas éticos complexos. Apesar da inteligência superior das máquinas, os humanos ainda detêm o poder de interpretar, questionar e redefinir os próprios sistemas morais. Um personagem central, Stephen Byerley, é um humano que atua como uma ponte entre a humanidade e os robôs, e é justamente a capacidade humana de julgamento moral, empatia e ambiguidade que se mostra insubstituível, mesmo diante de máquinas racionais e precisas.

Como a conexão humana, essencial no processo de coaching, consegue se manter relevante e eficaz em um contexto dominado por respostas automatizadas, algoritmos e análise de dados?
Em 2025, o avanço da Inteligência Artificial nos convida então a uma reflexão crucial sobre a essência da nossa humanidade. Pode parecer redundante, mas é imperativo que reafirmemos nossa capacidade de transcender algoritmos e padrões pré-programados. Um dos perigos latentes reside na simulação de empatia e na limitação intrínseca de compreensão emocional que a IA apresenta. Embora sistemas inteligentes possam replicar a escuta ativa e até formular respostas convincentes, eles carecem da experiência subjetiva e da sensibilidade genuína diante da dor e do sofrimento humanos, elementos fundamentais para o desenvolvimento integral.
Quais são as características que te diferenciam de uma máquina? Como você usa sua capacidade única de formular perguntas precisas no momento mais relevante da conversa?
Essa carência pode levar a interações genéricas ou, em contextos mais sensíveis, a respostas problemáticas. Afinal, como um sistema sem consciência pode identificar as nuances emocionais e existenciais que moldam o indivíduo, ou oferecer as reflexões profundas necessárias para o seu desenvolvimento?
Em cenários que demandam uma compreensão aprofundada dos padrões comportamentais, apenas a intervenção humana comprometida, dotada de empatia autêntica e da capacidade de ir além do superficial, é capaz de promover esse processo. É justamente nesse espaço de conexão humana real que reside nosso diferencial irrefutável. Embora muitas abordagens de coaching evitem lidar diretamente com as emoções devido a uma crença equivocada ou limitação de que isso os aproximaria da terapia, tenho afirmado e reafirmado ao longo dos anos, em minha prática, que a verdadeira mudança no cliente só ocorre quando ele acessa suas emoções. Quem pensa que a transformação acontece apenas no âmbito do pensamento está enganado. Dessa forma, processos de coaching, terapia ou similares mediados por inteligência artificial carecem da percepção das múltiplas dimensões do campo emocional e humano, o que só pode ser plenamente experienciado no encontro entre um ser humano e outro.
Recentemente li um estudo da Universidade de Stanford alertando para os riscos significativos da substituição de psicoterapeutas humanos por tecnologias de inteligência artificial, destacando limitações éticas, técnicas e emocionais nesse tipo de aplicação. Quando tomei conhecimento disso, imediatamente pensei no contexto dos processos de coaching. Afinal crescem as buscas por soluções prontas. Entretanto, a pesquisa argumenta que, embora os chatbots terapêuticos (como aqueles baseados em modelos de linguagem avançada) possam oferecer suporte inicial em situações de ansiedade ou depressão leve, eles não substituem a complexidade do vínculo terapêutico humano.
Um dos principais problemas apontados é a falta de empatia genuína. A inteligência programada pode simular respostas compassivas, mas não tem consciência emocional ou capacidade de interpretar diferenças como um tom de voz, expressões faciais ou contextos profundos da história da pessoa. Além disso, há riscos de viés algorítmico, pois se o modelo foi treinado com dados limitados ou tendenciosos, pode reforçar estereótipos ou dar conselhos inadequados a certos grupos. Outro ponto crítico mencionado é a questão da privacidade e segurança. Dados sensíveis compartilhados em terapias com IA podem ser vulneráveis a vazamentos ou uso indevido por empresas de tecnologia, algo que violaria a confidencialidade, princípio fundamental da psicoterapia tradicional. Isso são apenas algumas das justificativas.
Assim como uma conversa com um amigo, uma palestra, um vídeo no YouTube ou a leitura de um livro não constituem, por si só, um processo de coaching, mas sim atividades complementares a ele, é dessa forma também que devemos enxergar o uso da inteligência artificial como um recurso de apoio ao desenvolvimento pessoal. O coaching verdadeiro é um processo estruturado, individualizado e profundo, que vai muito além de respostas prontas. Ele exige estratégia, método, técnica e, acima de tudo, a sensibilidade e a experiência do profissional que conduz a jornada de crescimento do cliente. O uso da IA deve ser encarado como ferramenta auxiliar, e não substituta dos profissionais, estimulando sempre o equilíbrio entre tecnologia e cuidado humano.
O que nos diferencia das máquinas é justamente a capacidade de atuar em congruência de pensar , sentir e agir como humanos, com criatividade, empatia, senso crítico e habilidade para lidar com paradoxos e ambiguidades, qualidades que a inteligência artificial ainda não replica de forma genuína. Enquanto algoritmos operam sobre padrões e dados preexistentes, nós somos capazes de fazer conexões inesperadas, criar arte, humor, significados e soluções inéditas. Em processos como o coaching, por exemplo, lidamos com dilemas complexos, evolução a partir de erros e reflexões profundas sobre nossos próprios pensamentos, algo essencialmente humano. Diante do avanço da IA, muita gente se pergunta se ela vai tomar seu lugar ou se ela já é capaz de substituir profissionais. Mas a pergunta talvez deva ser outra: quanto do seu trabalho como coaching ainda é verdadeiramente único? E quanto já foi, inconscientemente, robotizado por você mesmo? Aí está a resposta decisiva!
Como cliente, você prefere se desenvolver por meio de insights humanos, da empatia e da intuição de um profissional que entende sua complexidade, ou se sente confortável com respostas padronizadas de ferramentas tecnológicas?
Como coach, quais habilidades genuinamente humanas, como intuição, empatia ou criatividade você cultiva para se manter único e transformador?
Meu compromisso é tornar o seu processo de desenvolvimento único e personalizado. Se você busca uma abordagem humanizada e feita sob medida para suas necessidades, entre em contato comigo pelo WhatsApp (11) 97675-3380. Vamos conversar e criar algo verdadeiramente especial juntos!
Jorge Dornelles de Oliveira
Agosto de 2025
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