Como desenvolver pessoas no séc. XXI
No século passado, o coaching one-to-one se consolidou como recurso fundamental de desenvolvimento de executivos. Os profissionais se constituíram no centro de interesse das organizações e o processo de desenvolvimento do negócio foi fortemente atrelado ao dos indivíduos. Hoje, o cenário está mudando rapidamente. Cada vez mais a aposta está relacionada aos times de alta performance, sendo que o mais importante é desenvolver as relações dentro e entre eles. Trata-se de fazer com que os times e suas relações, que incluem
os stakeholders, sejam eficazes e levem as empresas a atingirem as suas metas e objetivos. Bem-vindo à era do chamado Team Coaching ou coaching de times, que vem crescendo de forma acelerada no séc. XXI.
Não importa se a organização conta com um numero razoável de Shreks trabalhando lado a lado com os príncipes encantados, desde que esses blocos de indivíduos consigam alcançar uma operacionalidade que possa fazer uma diferença na performance da empresa. É nesse sentido que a atuação do coach ganha nova perspectiva. O seu desempenho recai diretamente sobre o campo dos acordos e das relações entre os indivíduos, fazendo com que a preocupação esteja intrinsecamente vinculada, mais ao que acontece entre as partes que compõe o todo, do que com cada uma individualmente.
Isso ocorre porque a demanda organizacional vem exigindo uma mudança de mindset: ao invés de desenvolver o individuo ou o líder para depois integra-los ao grupo, a questão hoje é fazer com que eles se desenvolvam a partir do time – é o time, por exemplo, que dirá para o líder qual a forma de liderança que melhor se encaixa com o seu propósito e objetivo.
É certo que às organizações interessa que existam pessoas felizes – quanto mais felizes, mais produtivas, certo? --, mas no frigir dos ovos, como ainda se diz, é crucial conseguir que os indivíduos desenvolvam uma relação proveitosa juntos, que alcancem uma dinâmica do melhor que têm a oferecer, num padrão excelente de funcionamento. Dai porque o coaching one-to-one passa a ser um instrumento de desenvolvimento muito mais importante para o individuo propriamente, do que para as organizações que passaram a utiliza-lo de maneira criteriosa e estratégica.
Como você percebe isso em sua prática?
Um time não é um apanhado de pessoas, não é um grupo. Funciona sob uma série de regras gerais básicas, e outras estabelecidas numa determinada cultura organizacional, e agora ainda conta com um novo pano de fundo: o mundo virtual, plataforma que utilizada principalmente por times cujos integrantes estavam alocados em países diferentes, mas que agora se tornou a única possível para todos eles.
Como então dar continuidade ao trabalho que vinha sendo feito presencialmente?
Outra pergunta: as interações virtuais afetam os padrões dos grupos?
Que habilidades nós coaches de times precisamos desenvolver para lidar com essa situação?
As respostas não virão de um dia para o outro, certamente. Assim como tudo o que temos vivenciado durante essa pandemia, nos caberá explorar essa prática virtual no dia a dia no laboratório do Professor “Corona”, com senioridade e perspicácia.
Um ponto favorável, no entanto, é o fato de que o coaching de times é realizado no campo das relações, que abriga o fenômeno das relações independente delas ocorrerem num campo físico ou virtual. O fenômeno simplesmente se manifesta, é o que se mostra, mas precisa ser descrito fenomenologicamente, conforme Husserl, um dos criadores da fenomenologia, se quisermos chegar à sua essência.
Eis o papel dos coaches, levantar o sentido relacional entre a coisa em si e a sua percepção por parte dos envolvidos, atuando deliberadamente, sem receio de lidar com o que parece imponderável. Em minha experiência tenho me surpreendido com casos de times que passaram a funcionar melhor depois dessa nova realidade virtual.
Como isso ressoa em você ?