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Binômio Contenção X Suporte: como você utiliza em sua prática?


Imagem cedida pelo Unsplash

Em tempos de pandemia, a palavra contenção vem ganhando inúmeras conotações, embora nem todas façam jus ao potencial do conceito, ao menos em coaching. Há quem entenda que contenção visa conter fisicamente o individuo, afinal no dicionário contenção quer dizer o ato ou efeito de conter, controlar ou reprimir. Outros já entendem contenção como forma de impedir que alguém passe do estagio de normalidade para a loucura. Em coaching, no entanto, o significado de contenção está mais próximo da psicologia, ou seja, ela é praticada com o objetivo de conter o espaço onde o processo acontece, permitindo que os clientes encontrem nele a confiança que precisam para fazer as transformações que desejam.

Quanto sentido isso faz para você?

Quão familiares esses conceitos são para você?

Para que a contenção aconteça em coaching, é necessário praticar antes de mais nada, a presença. A forma como abrangemos o espaço (seja ele presencial ou virtual), ou a postura com a qual nos colocamos diante do cliente, contribui para que ele se sinta seguro para falar e compartilhar o que necessita. A atenção plena do coach focaliza o que está ocorrendo ali, qual é o fenômeno que se desenvolve nessa interação e qual é o tipo de contenção que o cliente está precisando ou pedindo.

Contenção é empatia, é capacidade de acolhimento, é dar continente para o cliente sentir-se amparado para desenvolver o seu processo. Se considerarmos o momento atual, no qual temos enfrentado situações-limites que têm nos tirado do ambiente de conforto, a contenção torna-se ainda mais relevante no panorama do coaching.

Se você já começou a avançar e a acolher a contenção como parte essencial do processo em coaching, deve estar se perguntando o que vem na sequência. Sim, porque a contenção não trabalha sozinha. Enquanto a sua atuação se dá num nível mais invisível, e vai configurando esse espaço de confiança, o suporte que devemos prover em seguida a esse acolhimento, é de uma ordem mais concreta.

O suporte é utilizado em todas as abordagens que trabalham com o individuo, sejam elas psicológicas ou não, podendo exercer diferentes funções, desde demonstrar uma preocupação ou prestar algum tipo de cuidado, até aconselhar ou socializar. Assim pode ter diferentes fontes -- profissionais, familiares, amigos --, sempre no sentido de contribuir para que as pessoas enfrentem desafios e descubram novas motivações para alcançarem seus objetivos.

No caso do coaching, ao invés de sessões que explorem questões existenciais, o suporte se destina a fazer com o que o cliente aprenda a lidar com questões vitais de sobrevivência, do tipo, “tenho que sair, uso ou não máscaras?”--, coisas que podem ajuda-los a ultrapassar essa inquietação momentânea e a recuperar sua capacidade operacional. Ou seja, esse amparo ou suporte forma com a contenção um binômio fundamental e inseparável.

Freud diria que a dupla contenção-suporte poderia ser simbolizada pelas funções materna e paterna, enquanto a primeira acolhe, o segundo auxilia a ação prática. Em nossa abordagem de coaching nos valemos do campo anímico de Vênus para, na contenção, promover uma conexão emocional, criando um vinculo com o cliente, enquanto o campo anímico de Marte pode ser potencializado durante o suporte para incentivar o cliente a partir para a ação.

O fato é, que em tempos de pandemia, o binômio contenção-suporte ganha uma importância ainda maior. Primeiro acolhemos os clientes e depois os ajudamos a retomar o gerenciamento das próprias vidas, capacidade sequestrada por esse tal de coronavírus.


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