De que forma viver na era da Alma da Consciência potencializa a transformação individual e nos traz respostas mais profundas? Como entender a dimensão do processo de coaching e mentoring à luz da Era da Consciência, e da Razão e da Índole, ajuda a analisar com discernimento as suas possíveis indicações de desenvolvimento?
De maneira bastante resumida, o coaching tem como ideia central apoiar os clientes a entenderem melhor seus pontos fortes, fraquezas, valores, crenças e motivações ou seja como encontrar sua verdadeira expressão no mundo. Isso pode envolver a realização de avaliações de comportamento, reflexões profundas e feedbacks para aumentar a consciência sobre si mesmo. Mas aumentar a consciência de si engloba uma série de outros fatores que emergem no próprio método, e que podem ser explicados por meio da correlação com os estudos da época da Alma da Consciência, baseados na antroposofia (um caminho de conhecimento que deseja levar o espiritual da entidade humana para o espiritual do universo).
Inicialmente, o conceito de Consciência das Almas é um conjunto de ideias intrincadas elaboradas por Rudolf Steiner, filósofo e escritor austríaco do início do século 20. Ele buscou compreender os aspectos de desenvolvimento do ser humano e do universo de maneira interligada. Segundo o seu estudo os seres humanos possuem uma existência espiritual que transcende o corpo físico. Essa forma de perceber o indivíduo mostrou também a evolução da consciência humana ao longo do tempo. A respeito do tema, a obra de Waldemar W. Setzer; Introdução Antroposófica à Constituição Humana, de 2000, fornece particularidades que completam o entendimento geral dessa ideia.
Vale ressaltar que Steiner desenvolveu várias práticas e métodos educacionais baseados nessa compreensão holística do ser humano e visando promover o desenvolvimento integral de cada indivíduo. A visão que ele propõe é tudo o que o coaching em essência oferece em resposta ao estágio de desenvolvimento da Era da Alma da Consciência, porém não é notado pela maioria das pessoas. Em um processo de coaching é preciso focar principalmente no processo de compreensão como elemento de realização do trabalho. Isto é, como eu enquanto profissional ajudo o cliente a ter insights e a fazer suas próprias descobertas (compreender com mais frequência). Assim, dar explicações ou até mesmo trocar experiências não é o caminho que fortalece o processo de compreensão. Sem contar que existe o risco de você ensinar o cliente ao contrário de ajudá-lo a explorar os recursos que ele possui. Analisando desse ponto é muito fácil de entender por que existe o dogma de que coach atua com perguntas.
Então compreender é algo que resulta do seu processo interno, dos seus insights, das suas descobertas, daquilo que é construído durante o trabalho e que é algo ainda maior. Quando o cliente (coachee) alcança compreensão sobre um assunto, não apenas consegue ressignificar fatos ou detalhes isolados, mas também é capaz de conectar essas informações a um quadro mais amplo, identificar padrões, inferir relações de causa e efeito e aplicar esse conhecimento de maneira prática. Traçando um paralelo, é aquilo que o filósofo classificou de “Alma da Consciência”.
A representação de Alma da Consciência nos dá a possibilidade de termos autoconsciência, por exemplo, de uma sensação que estamos sentindo. É com ela que podemos nos tornar totalmente independentes da corporalidade, e viver numa introspecção no mundo de nossos pensamentos. Ela caracteriza-se justamente pela maior consciência de si próprio, maior liberdade, maior afastamento em relação à natureza e maior individualidade. É também por meio de nossa alma da consciência que nossa individualidade superior se manifesta. Devido ao desenvolvimento dessa parte da alma, o ser humano, se afastou do mundo espiritual intuitivo de comunhão e precisa desenvolver uma outra forma de integração com esse mundo através de consciência ou do pensar intuitivo. Essa afirmativa reforça porque emerge nas pessoas a busca por aprender por si de maneira consciente e desenvolver o seu potencial. Isso tem tudo a ver com o trabalho de coaching, afinal de contas o pensar intuitivo é a vivência da própria atividade, não é um patamar onde o ser humano chega em sua evolução mental e ali se estabelece. Ele não é o ponto de chegada, é o ponto de partida para uma incomum ampliação da realidade.
Em contrapartida muitas pessoas permanecem no estagio da Alma da Razão ou índole, ou mesmo da Alma sensação, e isso fortalece a necessidade de terem “gurus” para se desenvolverem. Por que isso acontece? Nos últimos anos, com o advento da internet e a difusão das redes sociais; além do período pandêmico, o processo de aprendizado foi profundamente modificado em relação ao que conhecíamos e vivenciamos historicamente. Somam-se a esses fatores a facilidade do acesso à múltiplas informações, porém, na maioria rasas, a mentalidade das novas gerações que creem não precisarem aprender nada com os outros - reflexo da Época da Alma da Consciência - o que não é sustentado por um desenvolvimento de auto consciência que os leve a um caminho autônomo de desenvolvimento. De maneira bem resumida, focado apenas nas observações crescentes desses fenômenos, o campo do conhecimento, em praticamente todos os setores, se alterou drasticamente. Esse mix de circunstâncias e um certo chamado à autonomia, a falsa ideia de que a possuem, a pressão e urgência por desenvolvimento imediato dá margem para que possíveis lacunas do desenvolvimento do conhecimento sejam ocupadas por gurus / mentores / com a promessa de ensinar facilmente sobre qualquer assunto. Alguns assumindo equivocadamente a alcunha de coach e confundindo inclusive as metodologias de coaching e mentoring.
Em muitos lugares do mundo como reflexo da evolução das almas da Sensação, Razão e da Índole e da Consciência as instituições tradicionais, como a religião e monarquias e outras instituições de caráter divino, perderam credibilidade e confiança e conexão com certos setores da população. Como resultado, proliferaram as figuras dos gurus uma alternativa a essas estruturas estabelecidas. Dessa forma, os gurus oferecem ensinamentos e práticas que prometem ajudar as pessoas a encontrarem soluções rápidas e profundas, o que é uma incoerência. Embora pareça que ele esteja oferecendo um pensar autônomo a maneira de vincular o desenvolvimento cria dependência sem explorar o desenvolvimento consciente do indivíduo. Por isso, um dos grandes desafios é mostrar que o processo de coaching acredita que o cliente é inteiro e, por isso, precisa e deve buscar desenvolver em si todo o potencial que possui, mas que muitas vezes desconhece. Essa descoberta o libertará de imediato da dependência de uma figura que o oriente e fará com que você desenvolva um pensar independente.
O processo de coaching também tem evoluído significativamente ao longo do tempo para atender às demandas e necessidades em constante mudança das pessoas e organizações. Abordagens mais holísticas estão mais presentes e consideram a pessoa como um todo tal qual a proposta da Alma da Consciências sugere. Coaching na sua concepção básica é uma forma de trabalho que ajuda o cliente a encontrar a sua expressão livre. Mas claro, isso é um grande paradoxo pois atavicamente muitos de nós ainda vivemos com a ideia de que as soluções vêm de fora, de alguém iluminado, salvador e isso alimenta tanto o mercado (de coaches e mentores) do milagre e toda a legião de milagreiros da internet.
De uma forma muito ampla podemos pensar que embora estejamos no início da Era da Consciência segundo o olhar de Steiner, algumas pessoas na verdade muitas ainda vivem aspectos importantes das Eras da Alma da Sensação e da Razão e da Índole, mesmo uma pessoa pode ter em alguns comportamentos ou momentos predominância de uma dessas ‘almas’. Portanto se pensarmos em processos de desenvolvimento ou apoio eu diria que Coaching responde muito bem a quem busca, tem um pensar autônomo (alma da consciência, de acordo com as demandas de nossa era; e Mentoring, Tutoria, Consultoria atende melhor as necessidades de pessoas que vivem mais o estágio das Alma de razão e da Índole ou mesmo da Sensação
Mesmo em um processo de mentoring é desejável que o resultado seja um processo de compreensão do cliente, ainda que em alguns momentos isso passe por processos de explicação ou de compartilhamento de experiência. Por essa razão, duas palavras aparentemente muito simples como explicar e compreender podem ser extremamente úteis para nos orientar e nos ajudar a sair dessa linha tênue entre coaching e mentoring/consultoria.
Se deseja ter apoio de coach profissional para se desenvolver nesse tema entre em contato: jorge.dornelles.oliveira@ggnconsultoria.com.br Whatsapp (11) 96396.9951
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