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O coronavírus: o mundo VUCA bate à nossa porta

(Reflexos na atuação do coach profissional)

imagem cedida pelo Unsplash

Na situação do coronavírus, uma experiência VUCA (volatility, uncertainty, complexity, ambiguity) bateu à nossa porta e nos obrigou a olhar para o contexto. O paralelo pode parecer estranho, mas o momento que estamos vivendo é semelhante aos momentos em que estimulamos os clientes para que eles reflitam e ajam a partir de um determinado contexto. A consciência aflorou como nunca antes, mas ainda teremos que nos a ver com as mudanças que estão por vir.

Normalmente só agimos a partir do entendimento de um contexto. E diante de um cenário particularmente complexo com muitas informações contraditórias e percepções muito fugazes, que mudam a cada instante, somos obrigados a vivenciar uma experiência tão surpreendente quanto a de uma guerra – a diferença é que na luta atual fica dificil nos defendermos de algo que não é concreto como um ataque de bomba, por exemplo.

Como coaches profissionais, atuamos como caçadores de insights: o cliente é sempre aquele que toma suas próprias decisões, baseado em suas descobertas, durante o processo. No momento, entretanto, a questão vai muito além: como decidir (clientes ou profissionais) quando a realidade é tão mutável e não permite o uso da razão, da forma como conhecemos, para embasar decisões?

Eu diria que a intuição tem muito a contribuir na percepção dos fatos e daquilo que faz sentido para nós. Se você consegue se colocar no olho do furacão (perdoem a imagem batida), irá perceber tudo que ocorre ao seu redor. Nesse lugar onde o tempo para, como fomos parados por um vírus invisível, é possível perceber o movimento fora e o seu fluxo interno, ao mesmo tempo, decidindo para onde ir sem se perder no processo. Isso é presença. Isso é atingir o nível máximo da consciência.

Dito de outro modo trata-se de nos colocarmos no fluxo, percebendo que o segredo é viver o momento, pois no instante seguinte talvez você seja forçado a rever todos os seus parâmetros. E esse é o desafio. Aprender a viver na impermanência, revendo frequentemente as questões que sempre te trouxeram ‘segurança’.

É preciso lembrar que a gente saiu de um mundo em que tudo era conhecido, e confortável, e agora estamos diante de uma nova realidade em que tudo se mistura, se volatiza, se torna mais complexo ou ambíguo. E que não há nada, em termos de informações, que possa nos auxiliar a mudar essa perspectiva.

Será essa parada obrigatória uma resposta ao nosso comportamento ensandecido que tem nos levado a reações nada saudáveis como o burn out? Terá sido o nosso excesso de movimento frenético, líquido, desgovernado e sem sentido?

Lembrando Adous Huxley, é como se fossemos um organismo que, doente, foi obrigado a parar para buscar a sua própria cura, coisa que também acontece com a gente quando forçamos a barra com o nosso próprio corpo.

A tendência é que a gente viva cada vez mais momentos VUCAs, nos quais não haverá nenhum tipo de âncora, apenas o fluxo. Então é preciso aceitar esse fato, antes de qualquer coisa. Será necessário que a gente se ouça verdadeiramente para que possamos tomar decisões a partir do contexto. No coaching ou na vida.


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