:: Business Coaching::
De que forma você CEO percebe as consequências do Pacto Global no futuro da sua empresa? Quais estratégias você está adotando agora para tornar o mundo realmente um lugar mais inclusivo e sustentável no futuro? Quanto sua organização está atenta as questões que dizem respeito ao microambiente e macroambiente em que se encontram? O que a cultura organizacional tem a ver como tudo isso? Que oportunidades de negócios surgem a partir dessa perspectiva?
Estejam ou não conscientes dessa responsabilidade o fato é que em algum momento o assunto vai repercutir na organização. Particularmente, desde o início dos anos 2000 eu ouço falar em sustentabilidade como um pacote de iniciativas mais ou menos isoladas de algumas áreas de negócios e conectadas com uma tendência que ainda não era clara. A visão que se tinha era mais relacionada com alguns fatores que poderiam afetar o resultado do negócio, mas o conceito ainda não integrava o impacto das mudanças climáticas e de outros indicativos.
No entanto, a verdade é que decididamente esse assunto virou realidade no meio corporativo após um longo período de negação, mas principalmente de muitas negociações e mudanças na configuração geopolítica com certa reorganização do poder no mundo envolvendo principalmente os Estados Unidos, China e União Europeia. Falar sobre ESG (Environmental, Social, and Corporate Governance); Ambiental, Social e Governança, vai muito além de manter uma política de contrapartidas corriqueira e passou a ser encarado como uma estratégia que precisa ser planejada e incorporada em todas as ações da empresa. Extrapolou as fronteiras das organizações e se constitui cada vez mais como uma pauta que diz respeito a todo o planeta.
O Pacto Global foi o primeiro e importante passo no entendimento e aceitação dessa realidade. Por meio dele surgiram desdobramentos de muitos acordos que deverão ser concretizados nos próximos anos e com um nível de urgência cada vez maior. Por essa razão, movimentos que eram vistos há algum tempo como radicais, como é o caso do Green Peace, que buscava visibilidade na mídia com ações chocantes para realizar importantes alertas. Ou mais recentemente, quando a garota sueca Greta Thunberg, em 2018, começou sozinha a se manifestar no parlamento de seu país cobrando ações do governo local pelo clima, passaram a ser notadas como manifestações menos desqualificadas (típicas da rebeldia adolescente) e pouco a pouco foram assimiladas como mensagens fortes e urgentes de que atitudes precisam ser tomadas em relação ao meio ambiente.
A sociedade começou a ouvir essas manifestações com a devida seriedade e principalmente a aderir ao tom das mensagens. Mas não nos enganemos que uma consciência mundial sobre o assunto surgiu assim de repente, está vindo sim aos poucos como reação aos seguidos fenômenos naturais que começaram a ficar exacerbados em algumas partes do planeta: furacões, enchentes, degelo e o aumento das temperaturas. Esses eventos catastróficos precipitaram uma onda de imigrações ilegais, sobretudo na Europa. A consequência foi mais desequilíbrio e escancarou o problema para o mundo precisamente quando uma grave crise econômica se formou. Ou seja, a profecia autorrealizada da percepção do futuro foi quem criou o termo Pacto Global. Se antes estávamos divididos entre pessoas que acreditavam (ou não) que o aquecimento global fazia parte de um ciclo inevitável do planeta terra e nada tinha a ver com a emissão de gases, já não resta mais dúvidas. Temos acontecimentos, dados concretos obtidos com alta tecnologia, incluindo a inteligência artificial, e esse é um problema de todos nós, inclusive das corporações, o que assevera por si a importância do Pacto Global no cenário empresarial.
Originalmente o termo apareceu em 2004, em uma publicação das Nações Unidas (ONU), que criou uma provocação a 50 CEOs de grandes instituições financeiras, sobre como integrar fatores sociais, ambientais e de governança no mercado de capitais. De lá para cá o tema foi sendo amplamente discutido com o objetivo de encorajar empresas a assumir políticas de responsabilidade social, corporativa e sustentabilidade. Atuar de acordo com padrões ESG amplia a competitividade do setor empresarial e, por essa razão, as empresas são acompanhadas de perto pelos seus diversos stakeholders.
Quando a falta de atitudes mais sustentáveis pode manchar a sua reputação e consequentemente a da organização?
É preciso apresentar mais um argumento essencial nesse contexto. Marcada por ter nascido e crescido em um ambiente digital, a Geração Z (os nascidos a partir de 1995), são mais ativistas e exigentes em relação à postura social das empresas, motivo pelo qual cobram atitudes mais sustentáveis e comprometidas por parte das marcas que consomem. Esse grupo de indivíduos leva muito em consideração as práticas da organização na hora de decidir o que comprar. Quer dizer, essa geração também vem de berço alinhada com outro tema social altamente relevante no momento, que são os ODS, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, que defendem que é necessário levar o mundo a um caminho sustentável com medidas transformadoras.
Diante dessa urgência, na posição de CEO, ou seja, do líder que pensa estrategicamente os rumos dos negócios, não há espaço para ações forjadas. Ou a organização de fato se compromete com a realização de práticas sustentáveis e sociais ou ela estará fadada à ruína quando a máscara cair. Ações de fachada, as chamadas “greenwashing”, termo em inglês traduzido como “lavagem verde”, que designa as organizações que fingem ser sustentáveis mas na realidade não passam de planos de marketing, são atos arriscados demais para se sustentar, especialmente na era digital em que o patrulhamento é acirrado.
Para ilustrar o que estou dizendo, recentemente li uma publicação no Linkedin (foto abaixo) muito oportuna sobre esse tema e que traz à tona todos esses questionamentos. A publicação diz que: não existe ESG se você obriga as pessoas a pegarem duas horas de ônibus para realizarem presencialmente trabalhos que poderiam ser realizados remotamente. Na pior das hipóteses, essa postagem nos faz refletir se de verdade os líderes das organizações estão indo na contramão do que pregam, afinal de contas existem impactos visíveis. Por outro lado, há uma corrente que alega que esse argumento nada tem a ver com ESG e está mais voltado para a queda de braço entre colaboradores que querem atuar remotamente e líderes de mentalidade conservadora. Como eu mostrei os dois lados dos argumentos, deixo para você mesmo fazer esse exercício reflexão dessa provocação comentando na publicação, ok?
Créditos da imagem de @lucasschuch
De que forma um Business Coach pode ajudá-lo a pensar estrategicamente sobre esses pontos?
Que tipo de modelo de gestão e negócios você precisa desenvolver a partir das questões do Pacto Global e de todos os desdobramentos que ele traz? Não se trata de estabelecer um planejamento estratégico em si, mas sim pensar estrategicamente sobre esses temas e o quanto ele impacta na sua forma de liderar. Um Business Coach profissional pode ajudá-lo a ler esse cenário de possibilidades e desafiá-lo a encontrar as soluções que condizem de verdade com o que você acredita e com o que a empresa acredita e executa. Embora pareça contraditório pensar em estratégia em um mundo tão fluido (VUCA) volatility, uncertainty, complexity, ambiguity; aí é que a situação precisa ser muito bem delineada para evitar surpresas desagradáveis durante o percurso. Perceber as tendências, se deslocar e concentrar o pensamento para descobrir soluções não é algo para amadores. Para chegar nesse nível é necessário ter o apoio de um profissional que combine experiência de negócios do mundo real com habilidades de coaching, como escuta ativa e capacidade de fazer perguntas poderosas que provoquem a transformação organizacional.
Como já mencionei em um artigo recente no meu blog, David Houle, futurista e escritor, afirma no livro The Shift Age (A Era da Mudança, 2007), que a transformação esperada indica que a forma de desenvolvimento do futuro não virá a partir de máquinas, ferramentas ou tecnologias. “A Era da Mudança será definida por nosso próprio poder de escolha”. É sobre isso que você CEO precisa refletir. Que tipo de cultura organizacional você está desenvolvendo atualmente? A partir de qual reposicionamento de governança você quer partir?
Nos últimos anos o desenvolvimento humano e organizacional foi um pouco dissociado do negócio. Porém, agora, mais do que nunca, é visto como a parte mais essencial. Falar de desenvolvimento organizacional sem falar da consequência do Pacto Global fica incoerente. Essa mudança de comportamento no meio corporativo ainda trouxe um certo aspecto de ‘humanização’ ao trabalho. O que chega até a soar como uma incongruência, pois é assim que deveria ser, no momento que o mundo avança tecnologicamente de maneira surpreendente e automação e inteligência artificial estão presentes no dia a dia das pessoas, muitas vezes até substituindo funções e profissões, não é por acaso que o fator humano volta ao centro das preocupações e discutimos a importância de práticas que podem fazer o mundo melhor, mais justo e livre de desigualdades sociais.
Quais ações de médio e longo prazo você já realiza e que estão de acordo com o Pacto Global? A organização que você conduz possui transparência nas ações de responsabilidade social, ambiental, direitos humanos e de cidadania? O quanto você está comprometido com esses temas? Que legado você gostaria de deixar para o futuro da sua organização e do planeta?
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Jorge Dornelles de Oliveira
Junho de 2023
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