::reflexões sobre coaching::
Como você lida com a imperfeição e a impermanência? Quantas vezes você precisou se reconstruir para superar momentos de adversidade e o como o fez? Que sentimento surge quando você olha para as ‘cicatrizes’ que marcaram períodos de mudança e resiliência na sua trajetória?
Kintsugi é uma antiga técnica japonesa de reparação de cerâmicas que valoriza as imperfeições e as transforma em parte da história e beleza da peça. A palavra Kintsugi é composta por dois kanjis: “Kin”, que significa ouro, e “Tsugi”, que significa emenda ou reparo. Em vez de tentar esconder as rachaduras ou fragmentos, os artesãos usam uma laca especial misturada com pó de ouro, prata ou platina para reparar as peças. O resultado é uma peça que valoriza as imperfeições e as torna parte da história do objeto, celebrando a beleza das falhas em vez de escondê-las. Pela breve explicação você já percebeu que a filosofia por trás do Kintsugi está ligada ao conceito de valorizar a imperfeição, a transitoriedade e a beleza do que é imperfeito ou incompleto. Essa antiga técnica é na verdade uma forma de arte que nos ensina a ver a beleza nas cicatrizes e imperfeições da vida.
A semelhança desse antigo conhecimento com o coaching, ajuda os clientes a assimilarem que no processo de mudança as dificuldades não apenas ensinam, mas fortalecem e ressignificam profundamente o seu comportamento e como encarar as situações mais complexas. Assim como no Kintsugi, no coaching, marcos de mudança individuais não podem ser escondidos, eles precisam ser ressaltados e integrados como forma de lembrar sobre a impermanência e a imperfeição da vida e encorajar a renovação necessária para seguir o caminho da transformação. Como você valoriza na sua história os momentos em que você fracassou ou desistiu de algo que gostaria de ter feito? Como você reconhece e respeita suas cicatrizes emocionais?
É uma metáfora para a vida humana e uma inspiração para a resiliência e a capacidade de superar desafios. Quando reconhecemos o que rompe em nós, alcançamos serenidade, quando aceitamos como somos, quebrados e novos, imperfeitos e belos, seres em constante evolução, fica mais fácil de lidar com perdas, mudanças e novos direcionamentos. Através dessa compreensão, somos lembrados o tempo todo de que as cicatrizes e as experiências passadas são parte essencial de quem somos, e que podemos encontrar beleza nas imperfeições. É comum que pessoas me procurem quando desejam mudar de carreira, buscar novos desafios, encontrar propósito, ou quando estão sendo desafiados e não estão dando conta da pressão. A grande maioria expressa o desejo de reverter a situação, mudar o rumo, mas com sentimento de derrota, vergonha ou medo. É como se tudo o que fizeram anteriormente que não deu certo precisasse ser eliminado, apagado da história. Daqui para frente é um novo caminho. Mas a realidade é que não se trata de um outro caminho, é o mesmo, só que agora reformulado (ressignificado). A proposta de mudar a mentalidade e se relacionar melhor com todas as fases da vida, inclusive quando as experiências foram ruins, pode significar o começo da verdadeira transformação.
De acordo com a teoria do Kintsugi existem 5 etapas que são decisivas e que sem elas a renovação não é possível. A primeira delas é a Aceitação da Imperfeição: esse conhecimento lembra que as falhas e imperfeições fazem parte da nossa jornada. Em vez de tentar esconder ou apagar os erros, a técnica encoraja a aceitá-los e valorizá-los como parte do que nos torna únicos. Em segundo, Resiliência e Superação: a prática de reparar algo quebrado com ouro simboliza a capacidade de superação. As adversidades e desafios que enfrentamos não precisam nos definir negativamente; pelo contrário, podem fortalecer e nos tornar ainda mais valiosos. Depois, Beleza na Impermanência: ligado ao conceito de wabi-sabi, o Kintsugi ensina a apreciar a beleza na transitoriedade e nas mudanças. Tudo na vida é impermanente, e ao aceitar essa realidade, podemos encontrar beleza no ciclo natural de crescimento, perda e renovação. A penúltima etapa, Cura e Transformação: Kintsugi sugere que a cura não significa voltar ao estado original, mas sim uma transformação em algo novo e, mais belo. Experiências, boas ou ruins, nos moldam e transformam ao longo do tempo. Por fim, valorizar a História Pessoal: as cicatrizes que carregamos contam a nossa história. Kintsugi encoraja a ver essas cicatrizes como parte do nosso legado, valorizando a jornada e as lições que aprendemos ao longo do caminho.
No processo de coaching o trajeto é semelhante, por essa razão, Kintsugi também é uma forma eficiente de explicar sobre comportamentos e atitudes. Tradicionalmente em coaching chamamos de sombra aquilo que fica estrategicamente escondido pelo individuo para não expor suas falhas e vergonhas. Sombra, ao longo do tempo, foi associada (pejorativamente) como um lugar de vergonhas e falhas. Basta uma simples verificação para notar a semelhança. Mas o fato é que a sombra guarda a nossa energia mais primitiva, por isso temos dificuldade de admitir o que está oculto nela e passamos a ter vergonha disso. Assim como o Kintsugi ensina, as falhas, vergonhas e medos do passado que estão ocultos existem. É preciso reconhecer a sua existência e que se trata de uma passagem para o autoconhecimento, para rever valores, crenças e sentimentos. O processo de coaching pode ajudar a lidar com essas questões de transformações de forma mais madura e oferecer ajuda para conviver com esses laços fragmentados, fortalecer a aceitação e superar desafios.
De que forma esse conhecimento pode te inspirar a aceitar imperfeições e superar desafios? O que você tem aprendido de positivo com a adversidade? Como você convive com as suas cicatrizes?
Se deseja ter apoio de coach profissional para se desenvolver e amadurecer neste tema, entre em contato:
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Jorge Dornelles de Oliveira
Agosto de 2024
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