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Coaching Executivo: Transformações Duradouras ou Efeitos Passageiros?

Como construir uma organização com uma cultura resiliente, capaz de desenvolver executivos que lidam com paradoxos, gerenciam crises e transformam desafios em oportunidades? O processo de coaching executivo pode ser um catalisador dessa transformação?


O coaching executivo é reconhecido como uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento de lideranças e a promoção de mudanças comportamentais e organizacionais. No entanto, uma questão central ainda persiste: essas mudanças são realmente sustentáveis, ou seus efeitos tendem a se dissipar com o tempo? Será que o coaching é capaz de gerar transformações profundas e deixar um legado significativo, ou estamos diante de uma solução temporária, que perde força quando o processo termina?


A realidade é que promover mudanças sustentáveis por meio do coaching executivo não é algo que acontece de forma automática. A sustentabilidade dessas transformações depende de uma combinação de fatores, como a qualidade do processo de coaching, o engajamento genuíno do coachee, o apoio organizacional a cultura organizacional e a implementação de mecanismos de reforço. Quando esses elementos estão alinhados, os impactos podem ser profundos e duradouros.


No entanto, sem um ambiente favorável e um compromisso contínuo com o desenvolvimento, há um risco real de que os efeitos se percam ao longo do tempo. Por isso, o coaching executivo não deve ser visto como uma solução rápida, mas sim como um investimento de longo prazo, que exige dedicação e cuidado para gerar resultados verdadeiramente transformadores.


Para garantir que o impacto do coaching não se dissipe com o tempo, é importante adotar uma abordagem sistemática e baseada em evidências. O primeiro passo é definir objetivos claros e mensuráveis, alinhados tanto às necessidades do executivo quanto às da organização. Essas metas podem incluir melhorias em habilidades de liderança, comunicação, gestão de equipes ou tomada de decisões entre outras. Com objetivos bem estabelecidos, é possível criar indicadores de desempenho que permitam monitorar o progresso ao longo do tempo.


 Além disso, no início do processo alinhar as expectativas de desenvolvimento entre os agentes do sistema e muito importante. O coachee está integrado em um sistema de coaching que envolve o próprio e vai se expandindo para todas as suas relações e interações, chegando ao seu impacto na sociedade. Então estimular o cliente a obter alguns feedbacks de colegas, subordinados e superiores ajuda a conseguir uma visão abrangente do seu desempenho.


Durante o processo de coaching, o monitoramento contínuo é essencial. Sessões regulares de acompanhamento permitem revisar o progresso em relação aos objetivos. Mas como avaliar e mensurar, de maneira eficaz e precisa, o impacto do coaching executivo e os resultados obtidos?


Ao discutir como mensurar o impacto do coaching executivo, é inevitável questionar a abordagem dos que chamo de "tecnocratas do coaching" – profissionais que defendem a aplicação mecânica de avaliações 360° antes e após o processo, como se desenvolvimentos humanos pudessem ser reduzidos a números e gráficos. Essa visão é limitante, pois trata o crescimento de líderes como se fosse a calibração de uma máquina, ignorando a complexidade orgânica das transformações comportamentais e culturais.


O desenvolvimento humano é um processo contínuo e sistêmico. Mudanças reais não ocorrem em um vácuo, mas sim dentro de um ecossistema dinâmico, onde indivíduos, equipes e a própria organização estão em constante evolução. Métricas como ROI (Return on Investment) podem até servir para justificar orçamentos, mas frequentemente falham em capturar os impactos mais profundos: a maturidade emocional de um líder, sua capacidade de lidar com paradoxos ou a forma como inspira sua equipe.


O Dilema da Andorinha Solitária: Coaching Individual vs. Transformação Cultural?


Há alguns anos, muitas empresas investiam no coaching com uma visão mais ampla: não apenas desenvolver indivíduos, mas desenvolver uma cultura de coaching – um ambiente onde a reflexão, o autodesenvolvimento e a busca por novos patamares de consciência fossem valores institucionalizados. Imagine uma organização em processo de fusão, onde todos os níveis gerenciais eram acompanhados por coaches. O resultado era uma transformação acelerada e orgânica, perceptível mesmo sem métricas sofisticadas.


Hoje, porém, muitas empresas adotam uma abordagem fragmentada, restringindo o coaching a poucos executivos de alto escalão, normalmente os c-levels. Embora esses líderes possam evoluir individualmente, seu crescimento se torna uma "gota no oceano" – incapaz de alterar a maré cultural da organização. Pior: quando esses profissionais se deparam com um ambiente que não mudou junto com eles, muitos acabam deixando a empresa, frustrados pela falta de ressonância entre suas novas competências e a realidade corporativa que vivenciam.


O impacto duradouro do coaching não se mede apenas em relatórios de desempenho e avaliações, mas na capacidade de criar organizações que aprendem e se adaptam. Quando aplicado de forma estratégica e em escala, ele pode ser o catalisador de uma cultura mais ágil, colaborativa e resiliente. Mas isso exige coragem para ir além da “solução rápida” e investir no desenvolvimento não só de indivíduos, mas de sistemas inteiros. Afinal, como diz o ditado: "Uma andorinha só não faz verão" – e um líder transformado, sozinho, não faz uma organização evoluir. Isso tem tudo a ver com legado, visão e futuro.


De que forma entender a mudança sistêmica como o verdadeiro legado do coaching executivo?


O resultado da intervenção a longo prazo deve culminar no desenvolvimento de habilidades interpessoais e na capacidade de lidar com paradoxos no ambiente de trabalho, especialmente em cenários de mudanças rápidas e demandas por inovação, competências que se tornam diferenciais valiosos. Gerenciar contradições – uma realidade constante no contexto organizacional – envolve equilibrar necessidades aparentemente opostas, como colaboração e competição, flexibilidade e estrutura, além de foco no curto e no longo prazo.


Isso exige que os líderes aprendam a cultivar um pensamento integrativo, capacitando colaboradores e equipes a reconhecerem o valor de múltiplas perspectivas simultaneamente, em vez de adotar uma visão unilateral. Esse tipo de abordagem não apenas facilita a resolução de problemas complexos, mas também impulsiona a inovação em ambientes marcados por ambiguidade e complexidade.


A transparência e a comunicação aberta são elementos-chaves para o sucesso do processo de executive coaching. Compartilhar o progresso com todas as partes interessadas e manter um diálogo constante ajuda a garantir que as mudanças sejam internalizadas e mantidas. Ao adotar essas práticas, é possível comprovar que o processo não apenas promove mudanças imediatas, mas também gera impactos positivos e duradouros na organização e no desempenho dos líderes.


John Whitmore, em seu livro Coaching for Performance (2006), enfatiza que o coaching deve ser visto como um processo contínuo de aprendizagem e não como uma intervenção pontual. Ele defende que a sustentabilidade das mudanças depende da criação de hábitos e da aplicação consistente das habilidades desenvolvidas durante o processo. Para Whitmore, o papel do coach é facilitar a autonomia do coachee , permitindo que ele assuma a responsabilidade por seu próprio desenvolvimento e mantenha as mudanças ao longo do tempo.


Vale lembrar que, quando falamos em transformação, muitas vezes nos deparamos com os guardiões da cultura da cultura corporativa – os patriarcas e matriarcas e seus representantes mais jovens, os heróis e heroínas – que resistem em promover mudanças. Entre a cabeça da organização, que pensa o planejamento, e a realidade prática daqueles que vivem na linha de frente, existe um universo a ser explorado e superado. É nesse espaço que a organização precisa entender o que faz sentido para aqueles que dela fazem parte.


Sendo assim, as relações são o principal veículo de transformação cultural, uma vez que estão vivas e em constante movimento. É a partir delas que devemos capturar uma imagem mais realista dos processos e criar uma dinâmica capaz de promover, passo a passo, a transformação contínua que todas as organizações precisam vivenciar hoje. O coaching executivo, quando bem aplicado e sustentado, pode ser um catalisador dessa jornada, mas seu sucesso depende de um compromisso coletivo com a mudança e a evolução constante.


O maior legado de um processo de executive coaching é a criação de uma organização que aprende, se adapta e cresce continuamente. Isso vai além do indivíduo, impactando equipes, culturas e resultados, e deixando uma marca que perdura mesmo após o término formal do processo. Esse legado se manifesta em líderes mais conscientes e capacitados, culturas organizacionais mais saudáveis e resultados sustentáveis que garantem a relevância e o sucesso da empresa no longo prazo.


Ao longo dos anos, diversos conceitos e modelos de cultura organizacional perderam relevância ou desapareceram, impulsionados por mudanças no ambiente de negócios, avanços tecnológicos, transformações sociais e novas demandas do mercado. Essas abordagens ultrapassadas deram lugar a práticas mais modernas e adaptáveis, alinhadas às necessidades do mundo contemporâneo. No passado, por exemplo, muitas organizações operavam com estruturas extremamente hierárquicas, onde a tomada de decisões era centralizada e a comunicação fluía apenas de cima para baixo. No entanto, a globalização, o avanço da tecnologia e a busca por agilidade tornaram esse modelo obsoleto. Hoje, as empresas adotam estruturas mais horizontais e colaborativas, priorizando o empoderamento e a autonomia das equipes.


Esse é apenas um exemplo de como a capacidade de adaptação e resposta às mudanças é crucial para os líderes e organizações. Em um cenário dinâmico e em constante evolução, a flexibilidade e a visão estratégica tornaram-se diferenciais essenciais para garantir não apenas a sobrevivência, mas também o crescimento e a relevância no mercado.


Para explorar esse contexto fluído com profundidade e sabedoria, um arquétipo que ganha cada vez mais relevância nas organizações modernas é o Xamã-Malandro. Aprender sobre essa figura singular que combina a profundidade da sabedoria com a leveza da irreverência, conduzindo-nos a um espaço distinto daquele tradicionalmente ocupado por heróis e patriarcas, tão enraizados em nossa cultura. É um lugar onde os paradoxos podem ser harmonizados, onde a flexibilidade permite questionar e transcender regras e padrões que, ao longo do tempo, nos mantiveram estagnados. Nesse ambiente, a integração de aspectos aparentemente contraditórios se torna não apenas possível, mas essencial para a inovação e a transformação acontecerem.


O quanto este texto despertou sua reflexão sobre a importância de se aprofundar no tema e buscar o seu próprio desenvolvimento?


Se você busca apoio para transformar a cultura da sua empresa ou deseja desenvolver habilidades para atuar em ambientes desafiadores, onde enfrenta resistência, estou à disposição para ajudar. Entre em contato comigo! jorge.dornelles.oliveira@ggnconsultoria.com.br  WhatsApp (11) 97675.3380  

 

Jorge Dornelles de Oliveira

Abril de 2025

 

 
 
 

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