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Foto do escritorjorgedoliveira

A tensão é um obstáculo ou combustível para sua transformação?

A tensão nas organizações é um sentimento bastante comum e pode surgir de várias fontes, como diferenças de objetivos, conflitos de personalidade, pressão por resultados, mudanças organizacionais e a própria estrutura de poder e hierarquia. Essa tensão é muitas vezes um reflexo das complexidades e pressões do ambiente corporativo. Algumas fontes comuns desses imbróglios são atribuídas a fatores como conflitos de interesses e valores; liderança incoerente, disputas de poder, competição entre departamentos por recursos ou adotar abordagens opostas para resolver problemas e assim por diante, só para exemplificar alguns dos fatores. O resultado disso é percebido no medo constante, crises de esgotamento (burnout), falta de produtividade e propósito. Até aqui não contei nenhuma novidade, certo?

 

Anish Kapoor é um artista plástico indo-britânico, considerado um dos escultores mais influentes de sua geração. Ele é conhecido por suas esculturas públicas em grandes dimensões, que chamam a atenção tanto pela forma como pela complexa engenharia de sua construção. Há algumas semanas visitei sua exposição “Inflamação”, na Casa Bradesco, em São Paulo. Percebi que ali havia uma conexão real com o meu trabalho de coach quando notei que a provocação proposta por ele nos leva a refletir a respeito da tensão em que o individuo e o coletivo vivem atualmente. Esse é um tema [tensão] que constantemente eu abordo nos conteúdos que produzo sobre coaching. Está presente no contexto de times e c-levels, portanto, é fonte de inspiração e reflexão para o meu trabalho.

 

O artista declara que vivemos um estado de permanente inflamação, o que fala de um tempo em que o indivíduo e o coletivo estão em alerta, continuamente à flor da pele, diante da impossibilidade de cura e do desejo de transformação, ou seja, é a energia da mudança. Ele destaca que nesse processo há cinco sinais comuns observados em praticamente todos os processos infecciosos no corpo humano. Esses indicadores são: rubor, calor, dor, edema e perda de função. Mas a inflamação é também o ato de colocar em chamas, e representa, ao mesmo tempo, uma resposta do corpo à infecção e uma resposta social na forma de um levante “inflamar-se por uma causa”.

 

De que forma as organizações percebem o desejo de mudança e como elas estão lidando com isso? Como você se posiciona diante de uma causa que o “inflama”?

 

Percebo que estamos caminhando para um estágio onde as coisas não são mais tão bem definidas como eram antes. Isso por si só já é um motivo de tensão constante para o indivíduo. Tenho falado bastante sobre a imprevisibilidade que vivemos, sobre mundo VUCA (volatility, uncertainty, complexity, ambiguity), sobre Tesarac (mudança profunda). Todos esses temas e conceitos se conversam entre si. Afinal de contas, fomos criados para viver modelos previamente definidos em quase tudo na vida, e no trabalho não seria diferente. Por isso, o “dedo no gatilho”, como menciona o artista plástico, reflete a tensão de um momento em que a maioria se sente perdido. Existe sim o desejo de mudança, mas qual mudança estamos falando? Você deve se lembrar que durante a pandemia de covid-19 uma frase muito comum elevar nossa esperança era: “sairemos dessa muito melhores”. E saímos melhores? O que você diria a respeito?

 

Muitas vezes o desejo de mudança, a tensão, a ‘inflamação”, por mais paradoxal que possa parecer, é fonte de desenvolvimento para nós. Esse material o coach recolhe para ajudar a montar o quebra-cabeças quando ninguém mais é capaz de ver. Mas sempre há sinais! Assim como quando ocorre um processo inflamatório ficamos atentos aos sinais do corpo [e os mecanismos de defesa do organismo entram em ação e ativam, naturalmente, o processo de reparação até que se recomponha], o exemplo aqui é equivalente para correlacionar com esses tempos que pessoas e organizações atravessam. O espírito da impossibilidade de realização e de mudança, ou a ideia de que não faremos a diferença é o que paralisa o desenvolvimento. Esperar uma solução grandiosa e concreta que nem sempre virá (ou que não virá tão logo) é desperdiçar recursos e aprendizado.


O que podemos aprender com esse momento paradoxal que vivemos?

 

Em 1994, bem antes do momento que estamos passando, havia pessoas pensando situações diversas. No livro “A Quinta Disciplina” (The Fifth Discipline Fieldbook, 1994) Peter Senge, escritor, explora o conceito das "organizações que aprendem" e apresenta cinco disciplinas essenciais para promover o aprendizado organizacional contínuo e sustentável. Ele acredita que, para uma organização prosperar em um ambiente de mudanças rápidas e complexas, ela deve se tornar um sistema capaz de aprender, adaptar-se e crescer coletivamente. O conhecimento cabe para organizações, mas se aplica a líderes executivos ou a qualquer pessoa que queira se desenvolver.

 

As cinco disciplinas que ele identifica como fundamentais: 1) Domínio Pessoal: ou seja, à capacidade de os indivíduos cultivarem continuamente seu crescimento pessoal, desenvolvendo uma visão clara de seus objetivos e valores. 2) Modelos Mentais: diz respeito aos padrões de pensamento, crenças e pressupostos que influenciam a maneira como vemos o mundo e tomamos decisões. 3) Visão Compartilhada:  que envolve a criação de uma visão compartilhada ou um objetivo comum que inspira e motiva os membros da organização a trabalharem juntos na mesma direção. 4) Aprendizado em Equipe: onde ele destaca a importância do diálogo aberto, da colaboração e do compartilhamento de conhecimento entre os membros de uma equipe para alcançar resultados mais eficazes. 5) Pensamento Sistêmico: que consiste em uma abordagem que considera os sistemas complexos, interconectados e interdependentes em que estamos inseridos, reconhecendo as relações causais e os padrões que regem esses sistemas.

 

Está bem claro que o momento de tensão pode oferecer várias oportunidades de aprendizado e crescimento. Desde estimular a criatividade e a inovação, levando a soluções originais e novas formas de abordar desafios. O que você pode compartilhar do aprendizado com momentos de tensão e imprevisibilidade que já viveu?

 

Se deseja ter apoio de Coach profissional ou supervisão para se desenvolver e amadurecer neste tema, entre em contato: jorge.dornelles.oliveira@ggnconsultoria.com.brWhats app (11) 97675.3380

 

Jorge Dornelles de Oliveira

Novembro de 2024

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