Jogando na sua própria posição
Você esta prestes a ter a sua primeira reunião com o board depois de mapear a sua cadeira de CEO Os pensamentos e emoções são variados e você se lembra de quando estava indo conhecer a família da namorada ou, de quando você, ainda pequeno, olhava para o alto e ficava apreensivo durante a fala firme do seu avô. A sensação é essa mesma: a de ser pego de calças curtas. Estar diante de uma “autoridade” soa desconfortável e diferentes cenas passam pela sua cabeça, numa espécie de filme fora de sincronia.
Como você vai reagir dessa vez?
Vai impostar a voz e assumir uma postura de perseguidor, de salvador ou vai recuar e se colocar no papel de vítima? Em que lugar você se posiciona internamente quando tem que falar com alguém que está acima na sua hierarquia?
Como é que você se percebe nesse cenário?
É comum assumirmos um papel ou outro numa situação de conflito ou de incertezas. Normalmente fazemos a vítima quando nos sentimos indefesos e incapazes de tomar uma decisão, salvador da pátria quando já colocamos o piano nas costas ou perseguidor, aquele vilão clássico que vai jogar a culpa na primeira vitima. Às vezes, na impossibilidade de atuar com os nossos “provocadores”, giramos o nosso alvo para os subordinados. Não é isso o que normalmente acontece?
Batizado de Triângulo de Karpman, esse modelo que reproduz esses papeis é mais frequente do que se imagina. E apesar dos participantes se identificarem com um comportamento mais do que com outro, eles costumam girar em torno desse jogo, revezando os papeis. Assim, é comum oscilar entre a vítima ou o salvador, quando estamos enfrentando um perseguidor. Ou passar da defesa para o próprio ataque, ou seja, deixar de ser vítima para ser aquele que persegue quando você se sente encurralado.
Voltemos à sua cadeira de CEO. Como você irá reagir se receber uma critica ou uma descompostura do conselho? Se você for para o lugar da vitima, com certeza vai pensar: eu sou o prejudicado, eles não me entendem. Mas se por outro lado, é desafiado a solucionar algo que não é viável, poderia soar como um fake salvador da pátria. Qual é a sua saída? Partir para a posição de perseguidor e tentar virar o jogo acusando o próprio conselho?
Certamente não. A saída mais inteligente é não permitir que o triângulo se estabeleça, não entrar no jogo.
A gente só ativa a saída desse jogo quando estamos todos no mesmo nível e fazemos acordos para atuarmos como adultos, agindo com responsabilidade. É claro que ficar no mode adulto o tempo todo é impossível. A tendência é que a gente transite por todos esses papéis, o da vítima, do salvador e do perseguidor, ficando refém desses jogos, vez por outra.
Para quebrar essa cadeia, é necessário não validar esses papéis. Se você não aceitar ser vítima ou salvador, se colocando fora do processo, já estará inviabilizando as regras do jogo e mudando o rumo da situação. É importante reconhecer os jogos e os papeis que foram “escalados” para você ou que você pegou para si naturalmente. Só assim é possível fortalecer o seu domínio, jogando às claras e crescendo na função de CEO. Sem dúvida, essa será a sua melhor posição.